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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Selic chega a 10,75% e Banco Central fala em cortar ritmo de novas altas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou 2022 com mais uma alta de 1,50% da Selic e sacramentou o retorno aos dois dígitos da taxa básica de juros, que passou de 9,25% para 10,75% ao ano - o maior patamar desde maio de 2017. Mesmo reconhecendo, pela primeira vez, que a inflação de 2022 vai ficar acima do teto da meta, indicando o segundo ano de descumprimento de seu mandato principal, o Banco Central sinalizou uma redução do ritmo de alta de juros no próximo encontro, nos dias 15 e 16 de março.

Esperada por todas as 59 instituições ouvidas, a decisão foi a oitava alta consecutiva da Selic, após a taxa chegar à mínima histórica de 2% devido aos primeiros impactos da pandemia de covid-19 sobre a economia. Desde o início do ciclo de aperto monetário atual, em março de 2021, o aumento acumulado é de 8,75 pontos porcentuais, o processo mais forte desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o Banco Central elevou a taxa em 20 pontos de uma só vez.

Apesar da sinalização de alta mais branda em março, o Banco Central repetiu, no comunicado, que é apropriado que o ciclo de aperto monetário "avance significativamente em território contracionista", diante do aumento das projeções de inflação e risco de desancoragem das expectativas em prazos mais longos. 

Para o economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobral, o Banco Central está preparando o terreno para encerrar o atual aperto monetário, com a Selic chegando entre 12% e 12,5% ao ano. 

Para encerrar o ciclo já no próximo mês, contudo, o cenário precisa melhorar. Como a dinâmica da inflação tem se mostrado persistente, a estratégia pode ser uma combinação de altas menores em março e maio.

No comunicado, o Banco Central reconheceu que a inflação continua surpreendendo negativamente. O colegiado ainda considerou que o cenário externo segue menos favorável para economias emergentes, com um risco de aperto monetário mais rápido nos Estados Unidos (ou seja, juros mais altos por lá aumentam a atratividade de títulos americanos em detrimento de outros investimentos).

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