sábado, 19 de setembro de 2020

Ceará colhe trigo pela primeira vez e produtividade chama a atenção

A primeira colheita de trigo realizada no Ceará gerou resultados considerados surpreendentes. Foram produzidas nove toneladas do cereal, com uma produtividade média de 1,6 toneladas por hectare. 

O plantio no Estado, que ainda está em fase experimental é resultado de uma parceria entre iniciativa privada e a Embrapa. Segundo o produtor Alexandre Salles, pelas características do solo no Estado, o plantio teve que se ajustar às condições locais.

 “Tivemos alguns desafios como adaptar a plantadeira e colheitadeira, buscamos fertilizantes e remédios próprios para trigo, mas podemos sim dizer que foi um sucesso, não só pela produtividade como também pelo curto prazo de duração do plantio até a colheita”, comenta. 

Uma das vantagens da produção no Estado foi o tempo curto entre o plantio e a colheita. O ciclo de produção no Ceará teve uma duração de apenas 75 dias, enquanto nas principais regiões produtoras do Brasil o ciclo entre plantação e colheita ocorre entre 140 e 180 dias. 

Segundo Alexandre Salles, a produtividade do trigo obtida no Ceará se mostrou superior à da região Sul, que gira em torno de 2,4 toneladas por hectare, e pouco abaixo da obtida na região Centro-Oeste, de cerca de 5,5 toneladas por hectare. 

Ele afirma que agora o plano é fazer alguns ajustes, expandir a área e tipificar novos produtos da cadeia do trigo. Os primeiros experimentos de cultivo de trigo no Ceará começaram em 2019, com o objetivo de analisar a viabilidade de produção do cereal no estado, considerando as condições de solo e clima. 

A pesquisa realizou os primeiros experimentos com quatro variedades de cultivares BRS264, BRS354, BRS404 e BR18 para analisar a época mais adequada para semeadura, comportamento das cultivares, o ciclo e incidências de doenças e pragas. Foram realizados pequenos testes exploratórios em dois municípios do Ceará, em regiões de baixa altitude e outra de alta altitude para avaliação das cultivares. 

“O primeiro resultado foi excelente, o ciclo se fechou em 75 dias e as cultivares que tiveram melhor performance foi a BRS264 e BRS404, mostrando que o trigo tinha ampla adaptação para ser cultivado no Nordeste”, destaca Osvaldo Vasconcellos, chefe-geral da Embrapa Trigo. 

A fase experimental será expandida com a introdução de outros materiais que ainda estão sendo pesquisados pela Embrapa. Assim que essa etapa for concluída, esses materiais serão selecionados e testados em diferentes mercados para estudar a sua viabilidade para atender a indústria moageira. Com isso, poderão ser gerados produtos cultivados que sejam adaptados para biscoito, macarrão, trigo branqueador e panificação. 

“O resultado foi muito promissor, o que deu um grande ânimo à Embrapa porque vemos que os Estados do Nordeste, que têm altitude acima de 600 metros como o Piauí, Ceará, Alagoas e outras partes dessa região, apresentam boa aptidão e têm condições de luminosidade e de temperatura que atendem à demanda da produção de trigo”, comenta Vasconcellos. 

Hoje, o Nordeste importa quase 100% do trigo que consome, proveniente da Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e Rússia, além de importar de outras regiões do Brasil. Com os resultados positivos obtidos no Ceará, o Brasil pode equilibrar a balança comercial em trigo, acrescenta ele. A Embrapa já está realizando pesquisas experimentais em Alagoas e pretende expandir os estudos para os Estados de Pernambuco, Piauí e Maranhão.

4 comentários:

EVANGELIZARTE disse...

EMBRAPA parabéns. Povo NORDESTINO chegou sua vez. O BR gigante adormecido é rico e abençoado por DEUS.

EVANGELIZARTE disse...

O BRASIL É EXEMPLO PARA O MUNDO. ESSE SERÁ O MELHOR GOVERNO JAMAIS VISTO. DEUS ABENCOE8 ESSA NAÇÃO!

Unknown disse...

Parabéns. Povo do nordeste, estão descobrindo que vcs são produtores tbm

GEORGE RAMALHO disse...

Na Paraíba temos a Serra da Borborema com ótimas condições de clima e solo. Inclusive com sede da EMBRAPA em Campina Grande.