
A população de Uruguaiana está sob severa ameaça de perder o atendimento médico prestado na emergência da Santa Casa de Misericórdia a partir do próximo dia 30. Esse foi o prazo dado pela direção do Sindicato dos Médicos para que a interventora da prefeitura na instituição informe sobre um cronograma para a recuperação do pagamento dos médicos. Os atrasos já ultrapassam seis meses. Na verdade, há atrasos que somam mais de cinco anos, os quais nunca receberam qualquer atenção da instituição. A partir da intervenção, a prefeitura assumiu a responsabilidade pela regularização desses pagamentos. Os médicos já têm assembléia marcada para ser realizada tão logo se esgote o prazo para a apresentação de uma proposta de pagamento dos salários atrasados pelo interventora e prefeitura.
As prefeituras e hospitais municipais no Rio Grande do Sul, em uma grande quantidade de cidades, parecem ter adotado a restauração da escravatura, com os recorrentes atrasos salariais no pagamento dos médicos.
O município de Camaquã, por exemplo, mantém os pagamentos dos médicos em atraso há três meses. Desde 2017 o município tinha reduzido em 20% o valor da hora de plantão médico, em acordo com estes profissionais, para que fosse mantida a operacionalidade do hospital local. Mas, de lá para cá, nunca mais foi restabelecido o valor original da hora de plantão prestada.
A cidade de Rio Grande também mantém em atraso de três meses os pagamentos das remunerações dos médicos. Da mesma foram estão atrasados os depósitos de FGTS, INSS, 13º salário e férias. Na mesma cidade há passivos com respeito aos honorários dos médicos que alcançam cinco ano no caso de algumas especialidades.
O município de Canguçu está devendo de oito a 16 meses de salários em atraso em alguns serviços médicos, com passivos que abrangem os anos de 2017 e 2018. Atualmente os pagamentos estão sendo feitos em dia, porque o hospital local assinou um financiamento com o Banrisul na tentativa de restabelecer o funcionamento da UTI.
Em São Lourenço do Sul, município que fica à beira da Lagoa dos Patos, na zona sul do Estado do Rio Grande do Sul, os salários estão atrasados em dois meses. Mas estão sendo pagos em dia os empréstimos feitos pelos médicos com a Unicred.
Em Cruz Alta, os atrasos nos pagamentos dos médicos já alcançam quatro meses. Os plantões presenciais não são pagados e não há perspectiva de regularização na prestação dos serviços. Traumatologistas e cirurgiões são os profissionais mais afetados por esses atrasos. E as consultas eletivas não estão em dia.
Em Erechim, os pagamentos dos médicos estão com dois meses de atraso. No caso do plantão clínico, há atrasos pendentes desde 2016, como nos casos dos meses de outubro, novembro e dezembro. Não há perspectiva para a recuperação destes pagamentos.
O município de Três de Maio mantém atrasos de três meses no pagamento de salários dos médicos. As autoridades locais quitaram pagamento de honorários de setembro de 2018 e março de 2019. O sobreaviso dos médicos, em todas as especialidades, está sob séria ameaça de ser paralisado.
O município de Ronda Alta também mantém atrasos nos salários dos médicos, que estão fazendo o levantamento dessas dívidas.
Um dos municípios em grave situação é o de Livramento. Os pagamentos dos médicos estão em atraso há oito meses. Em algumas especialidades médicas, as parcelas em atraso são maiores, parcial ou totalmente. Foi estabelecido um cronograma para o pagamento dos honorários atrasados, que está em andamento, com a intervenção direta do sindicato dos médicos.
A situação mais grave de todas é a de Uruguaiana, com os médicos com seus honorários em atraso há seis meses. A atual administração da prefeitura, que realizou intervenção na Santa Casa de Misericórdia, está pagando em dia, mas ainda não apresentou um cronograma para o pagamento dos atrasados. O hospital reduziu leitos pela metade, mas continuam os problemas.E a cidade pode ficar sem atendimento médico a partir do final deste mês de março.
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