domingo, 3 de março de 2019

Três mil carretas carregadas com soja estão paradas na BR-163 no Pará


O calvário de quem transporta a safra mato-grossense de soja volta a se repetir ao longo da BR-163, no Pará. O drama é antigo, e cenas idênticas se repetiram em 2018. No sábado, 2, o trânsito na estrada estava interrompido há sete dias na principal via de acesso aos portos do Arco-Norte. O ponto crítico fica entre o Riozinho da Arraias e Morais de Almeida. São apenas 28 quilômetros, mas o tempo de espera para tentar cruzar esse curto trecho chega a 44 horas. E nada garante que o caminhoneiro vá conseguir subir a “serrinha do Moraes”, onde a pista se torna extremamente escorregadia. Estimativa da prefeitura de Novo Progresso (1.060 km de Cuiabá-MT) aponta que cerca de três mil carretas estão “presas” na região. Enquanto alguns motoristas querem retornar aos lares, outros tentam, em vão, correr contra o tempo para entregar a oleaginosa em perfeitas condições nos portos. A paciência de quem espera em meio ao calor, à lama e à chuva vai se esgotando e acidentes provocados muitas vezes por imprudência vão sendo registrados. Outros motoristas tentam furar a fila de caminhões e as filas duplas trancam a via nos dois sentidos. O vice-prefeito de Novo Progresso, Gelson Dill, alerta que não há mais espaço às margens da rodovia para pouso, muito menos nos postos ao longo do trecho. Ele cita que está em busca ao menos de banheiros químicos para os trabalhadores que devem permanecer por dias parados. 


Outra preocupação do gestor público é o impedimento de serviços básicos como o acesso à saúde e educação. A população dos vilarejos e municípios muitas vezes fica “ilhada”. Ambulâncias não conseguem transitar, ônibus intermunicipais também não. E as crianças estão há sete dias sem conseguir chegar até a escola. O motorista Vanderley Del Sent dessa vez não foi para o trecho, mas o neto dele seguiu rumo ao Distrito de Caracol, outro vilarejo próximo ao ponto interditado. Ele explica que não há atoleiros. O problema é a serra, local onde a pista de terra é íngreme e bem escorregadia. As carretas carregadas, algumas com 57 toneladas, não conseguem subir.


No final da tarde de sexta-feira (1º), cerca de 100 carretas conseguiram atravessar o ponto crítico, segundo informações de moradores que residem em chácaras próximas à via. São caminhões descarregados que estão voltando de Miritituba (PA). São poucas carretas em relação ao número das que seguem aguardando liberação e condições de trafegabilidade. Para piorar, a previsão é de chuva na região até a próxima quinta-feira (7).bA colheita da safra de soja 2018/19 está sendo finalizada em Mato Grosso, onde mais de 87% dos 9,6 milhões de hectares já foram colhidos. Com mais de 40 anos de existência, a BR-163 se tornou a principal rota para o escoamento da produção agrícola mato-grossense. Em fevereiro do ano passado, alguns caminhoneiros ficaram parados no mesmo ponto e próximo ao Trairão. 

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