quarta-feira, 6 de março de 2019

CCR, concessionária da Freeway gaúcha, reconhece pagamento de propina no Paraná para governador tucano e fecha acordo de delação na Operação Lava Jato

O Ministério Público Federal do Paraná firmou acordo de leniência (a delação premiada das empresas) com a concessionária Rodonorte, que administra rodovias no Paraná. A empresa faz parte do grupo CCR, que recentemente assumiu quatro rodovias no Rio Grande do Sul (Freeway, BR-101, BR-386 e BR-448). O termo do acordo de leniência, que ainda precisa ser homologado pela Justiça, prevê pagamento de R$ 750 milhões a título de multas e reparação de danos. A concessionária reconheceu ainda o envolvimento em práticas ilícitas, como pagamento de propina, e se comprometeu em revelar informações e provas das ilegalidades. Pelo acordo, a Rodonorte desembolsará R$ 750 milhões até o final da concessão, que se encerra em 2021. Desse montante, R$ 35 milhões serão repassados diretamente aos cofres públicos. A empresa ainda reduzirá em 30% o valor das tarifas de pedágio. Este desconto será aplicado até alcançar o montante de R$ 350 milhões. Por fim, R$ 365 milhões serão destinados à execução de parte das obras nas rodovias, conforme o plano de exploração original, que hoje a empresa não estaria obrigada a executar. O acordo foi firmado no âmbito da Operação Lava-Jato. Ao assinar o termo, a Rodonorte reconheceu o pagamento de propinas para a obtenção de modificações contratuais que beneficiaram a concessionária desde o ano 2000. “Os fatos revelados pela empresa colaboradora e as provas trazidas por ela demonstram que o pagamento de propina e o direcionamento de atos administrativos eram a 'regra do jogo' no âmbito das concessões de pedágio no Estado do Paraná , em um típico ambiente de corrupção sistêmica”, disse o procurador Felipe D'Elia Camargo. Ainda segundo o procurador, as informações prestadas pela Rodonorte abrem possibilidade de “ampla responsabilização de todos os agentes públicos e privados que cometeram ilegalidades”. O acordo prevê a obrigação de a empresa e seus prepostos contribuírem, com documentos e depoimentos, para o aprofundamento das investigações. Em nota, o grupo CCR ressaltou que "continua contribuindo com as autoridades para o esclarecimento dos fatos envolvendo o Grupo e suas controladas".

Nenhum comentário: