A Nissan suspeita que o executivo Carlos Ghosn, que presidia o conselho de administração da empresa e está preso desde 19 de novembro, tenha mantido relações com políticos e empresários brasileiros acusados de receber propinas e praticar corrupção, entre eles o bilionário piramista de papel Eike Batista e o ex-governador do Rio de Janeiro, o ladrão emedebista Sérgio Cabral. A informação surgiu após a Nissan afirmar apelar à Justiça brasileira para impedir que a família de Carlos Ghosn retire itens pessoais do executivo em apartamento de propriedade da empresa no Rio de Janeiro e usado por ele. A empresa considera que pode haver ali indício de "condutas inapropriadas" de Carlos Ghosn. A própria compra do imóvel é investigada. A suspeita é que fundos de uma subsidiária da empresa, que teria como função o investimento em startups, na Holanda, tenham sido usados para a compra dele e de residências no Líbano e na França para uso de Ghosn. A família do executivo estaria disposta a retirar os itens pessoais na presença de oficiais da Justiça, para garantir transparência na ação. Nascido no Brasil e considerado responsável por livrar a Nissan da falência no início dos anos 2000, Ghosn foi preso sob suspeita de ter ocultado parte de seus ganhos, entre outros ilícitos. Em outro sinal das divergências internas entre Ghosn e a cúpula da Nissan, o jornal americano The Wall Street Journal informou que Ghosn pretendia trocar o presidente-executivo da empresa, Hiroto Saikawa, antes de ser preso. A insatisfação de Ghosn com Saikawa, segundo executivos ouvidos pelo jornal, decorria de problemas na gestão do negócio, incluindo redução de vendas nos Estados Unidos e perda de qualidade no Japão. Não está claro se Saikawa sabia dos planos de Ghosn de retirá-lo da empresa, o que poderia acontecer em uma reunião do conselho de administração ainda em novembro. Em vez disso, Ghosn foi demitido da empresa no dia 22. Após a prisão, Saikawa afirmou que a Nissan vinha investigando o uso de recursos da empresa para fins pessoais e outras condutas inapropriadas de Ghosn havia meses. A companhia colaborava com a promotoria japonesa no caso.
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