O Ministério Público Federal denunciou o ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, pela participação em um esquema de propina com o objetivo de beneficiar julgamentos. Segundo a denúncia, o ministro e seu filho, o advogado Tiago Cedraz, praticaram tráfico de influência ao receber dinheiro da empreiteira corrupta e propineira UTC para beneficiar o grupo em processos relacionados à Usina Angra 3 em análise no Tribunal. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pede a condenação do ministro, de seu filho e de outras duas pessoas, todos envolvidos no esquema. Além da condenação, a Procuradoria Geral da República também requer a devolução de R$ 4,4 milhões referentes ao valor que teria sido negociado em propina, de R$ 2,2 milhões, mais R$ 2,2 milhões a título de danos morais. A denúncia foi estruturada a partir da colaboração premiada do executivo corrupto e propineiro Ricardo Pessoa, da UTC. Segundo o Ministério Público Federal, Pessoa e Tiago Cedraz firmaram um esquema em 2012, com pagamentos realizados de maneira parcelada até 2014. Registros de viagem e informações obtidas no escritório do advogado reforçaram a tese da procuradoria.
Conforme o Ministério Público Federal, Ricardo Pessoa comandava um grupo de empresas organizadas em consórcios diferentes atuando na licitação de Angra 3. O executivo contratou Tiago para, por meio do ministro Aroldo Cedraz, interferir em dois processos de relatoria de Raimundo Carneiro. A intenção era que o TCU não vetasse a contratação ou impusesse obrigações que onerassem as construtoras. Aroldo Cedraz teria atuado, de acordo com o Ministério Público Federal, para atrasar o julgamento, com manobras como pedidos de vista. “Tal situação, somada aos fatos narrados pelos colaboradores acerca da atuação de Tiago Cedraz, revela que Aroldo Cedraz agiu para controlar a data do julgamento. Seu ato de ofício infringiu dever funcional, pois pediu vista de um processo para o qual estava previamente impedido”, diz trecho da denúncia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário