Contra o voto do diretor-relator, Gustavo Borba, o colegiado da Comissão de Valores Mobiliário (CVM) advertiu, mas não multou, o ex-diretor de Relações com Investidores da JBS, Jeremiah Alphonsus O'Callaghan. Ele foi julgado por suposto erro na divulgação do acordo de delação premiada dos controladores da empresa, os irmãos açougueiros bucaneiros Wesley e Joesley Batista. Três dos quatro diretores do órgão consideraram que Jerry, como é conhecido, errou apenas ao soltar um comunicado e não um fato relevante na noite do dia 18 de maio de 2017.
"No mínimo, a informação contém elementos para dizer que havia negociação de acordo de delação premiada", afirmou Borba, frisando o nervosismo que havia no mercado naquele momento, mas reconhecendo que o dano informacional parece ter sido moderado. "Naquele ambiente extremamente tenso que vigorava nos dias 17 e 18 de maio, tinha a obrigação de informar como fato relevante o procedimento em andamento", disse o relator.
Esse foi o primeiro executivo da holding julgado entre os oito já arrolados pela CVM nos processos instaurados após o acordo de colaboração premiada. O'Callaghan foi acusado de não ter prestado informações adequadas ao mercado quando o acordo de colaboração já era objeto de ampla cobertura da mídia. Na acusação, a CVM afirma que ele deveria ter questionado os controladores imediatamente para informar o mercado por meio de fato relevante o mais rápido possível.
Na época, a JBS era uma das cinco maiores companhias abertas brasileiras e a delação envolveu até o presidente Michel Temer. A CVM instaurou mais de uma dezena de procedimentos de apuração por falhas na divulgação e também por suspeitas de negociação de ações e contratos de câmbio com uso de informações privilegiadas.
Há outros dois Processos Administrativos Sancionadores (PAS) relacionados à colaboração premiada dos irmãos Batista na CVM. Eles envolvem quatro empresas e pelo menos oito executivos do grupo. Ainda não há data para outros julgamentos. A CVM é um motivo de piada, apenas isso.
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