A Justiça Federal condenou na sexta-feira (1) o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a 24 anos e dez meses de prisão por desvios na Caixa Econômica Federal. O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara em Brasília, o considerou culpado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. Este é o segundo revés do ex-deputado na Justiça, atualmente preso em Curitiba. No ano passado, em processo da operação Lava Jato, ele foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão por receber propinas em troca de contratos da Petrobras. A defesa de Eduardo Cunha havia pedido que sua prisão preventiva fosse revogada, mas o juiz entendeu que não cabia liberá-lo. “É necessária a sua permanência na prisão para preservar não apenas a ordem pública e a aplicação da lei penal, mas também a ordem econômica”, escreveu. Além de Eduardo Cunha, a Justiça Federal em Brasília também condenou o ex-ministro e ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A sentença impõe a ele oito anos e oito meses de reclusão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado, por lavagem de dinheiro. Henrique Eduardo Alves, que cumpre prisão domiciliar em Natal, foi absolvido da acusação de corrupção passiva. O magistrado decretou a perda de bens e valores obtidos pelos réus por meio de crime. Além disso, determinou que Eduardo Cunha pague R$ 7 milhões e Henrique Eduardo Alves, R$ 1 milhão, a título de reparação dos danos causados à coletividade.
O Ministério Público Federal havia pedido 387 anos de prisão para Eduardo Cunha e 78 para Henrique Eduardo Alves, baseado no critério de concurso material, ou seja, a soma das penas privativas de liberdade referentes a cada crime. Mas o juiz não aplicou esse parâmetro. Ele considerou que não havia provas suficientes para as condenações em relação a algumas operações apontadas como ilícitas na Caixa Econômica Federal. Porém, entendeu que em outras cabia aplicar as penas. O esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal foi investigado na operação Sépsis, deflagrada há exato um ano. Na denúncia, a Procuradoria da República no Distrito Federal apontou um esquema de pagamento de propinas milionárias a Eduardo Cunha e seus aliados, em troca da liberação de aportes do Fundo de Investimentos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), gerido pelo banco público.
As liberações eram manipuladas por aliados de Eduardo Cunha na Caixa Econômica Federal, entre eles o ex-vice presidente do banco, Fábio Cleto, primeiro a fechar acordo de delação premiada e entregar o esquema. Outro colaborador, o corretor Lúcio Bolonha Funaro, afirmou em seus depoimentos que atuava como operador de Eduardo Cunha nas negociações ilícitas com empresas interessadas no dinheiro da Caixa Econômica Federal e na captação dos subornos. Ele disse que o ex-deputado ficava com 80% do valor das propinas. Os dois delatores foram condenados. A Funaro, foi aplicada pena de oito anos e dois meses de reclusão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. Como colaborou, poderá cumpri-la em casa.
No caso de Cleto, a condenação é a nove anos e oito meses de prisão por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional, mas também devem prevalecer os termos do acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Também foi condenado o delator Alexandre Margotto, parceiro de negócios de Eduardo Cunha e Fabio Cleto, a pena de quatro anos de reclusão, inicialmente em regime aberto, por corrupção ativa. Outros esquemas de desvios na Caixa Econômica Federal continuam sob investigação, a exemplo do que envolve o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA), alvo da operação Cui Bono?. O peeemedebista foi preso depois que a Polícia Federal encontrou R$ 51 milhões em espécie em um bunker dele em Salvador.
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