sábado, 24 de dezembro de 2016

Deutsche Bank e Credit Suisse fazem acordo em caso de hipotecas subprime



O Deutsche Bank e o Credit Suisse fecharam acordo de US$ 15,5 bilhões com o Departamento de Justiça americano para encerrar processos relacionados à crise das hipotecas "subprime", crédito imobiliário de má qualidade que está no centro da crise financeira global de 2008. Com o acordo com os bancos alemão e suíço, a soma das penalidades impostas pelas autoridades americanas já soma US$ 82 bilhões contra instituições pela venda de hipotecas fraudulentas. Isso significa que a conduta tornada famosa pelo filme "A Grande Aposta" (com Ryan Gosling e Christian Bale) já se tornou o escândalo financeiro mais caro da história. E esse número deve crescer, já que instituições européias como HSBC e UBS ainda não integram o acerto. Anteriormente bancos como JPMorgan Chase, Citigroup e Goldman Sachs já haviam acertado o pagamento de multa às autoridades americanas –essas mesmas instituições receberam ajuda do governo dos Estados Unidos em um programa lançado em 2008 para impedir uma quebradeira geral do sistema financeiro. A maior multa paga até o momento foi a do Bank of America, que fechou um acordo de US$ 16,7 bilhões. No acerto fechado nesta sexta-feira (23), o Deutsche Bank disse que vai pagar US$ 7,2 bilhões – incluindo uma multa de US$ 3,1 bilhões – por seu papel na crise de empréstimos "subprime". Além da multa, o banco alemão aceitou conceder vantagens aos clientes, como revisão das condições dos créditos concedidos, totalizando US$ 4,1 bilhões. O valor foi recebido com alívio, já que três meses atrás foi anunciado que os Estados Unidos queriam US$ 14 bilhões para encerrar o caso contra o maior banco da Alemanha. Já o Credit Suisse anunciou que vai pagar US$ 5,3 bilhões como parte do acordo, sendo multa de US$ 2,5 bilhões e mais US$ 2,8 bilhões em compensações financeiras para os consumidores. Outro banco europeu, o britânico Barclays, informou que não chegou a um acordo com as autoridades americanas sobre o valor da multa e vai ser processado pelo Departamento de Justiça. Segundo o "Financial Times", a instituição achava que sua pena deveria ser de no máximo US$ 2 bilhões, mas as autoridades dos Estados Unidos queriam valores próximos aos exigidos de Deutsche Bank e Credit Suisse. De acordo com os promotores americanos, o Barclays, entre 2005 e 2007, vendeu de modo fraudulento mais de US$ 31 bilhões em ativos lastreados por hipotecas. Esses ativos funcionavam da seguinte forma: vários títulos imobiliários eram "empacotados" em um só ativo e negociados pelos bancos. A promessa para os consumidores é que eles eram muito seguros e que, se um outro proprietário de imóvel não pagasse seu financiamento, isso não teria efeito sobre o título como um todo , já que o "pacote" envolvia milhares desses créditos imobiliários. O que se viu na crise, porém, é que houve uma disparada na inadimplência imobiliária, e os títulos viraram pó, deixando investidores com um grande prejuízo e arrastando o restante da economia norte-americana, que ainda hoje sente os efeitos da crise da década passada. De acordo com o "Wall Street Journal", a decisão de fazer um acerto com Deutsche Bank e Credit Suisse e de processar o Barclays se deve, em parte, ao temor dentro do governo Barack Obama de que a administração de Donald Trump possa até mesmo desistir de processar esses grandes bancos.

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