A desaceleração da inflação na Argentina, que chegou a 3,1% em junho na comparação com maio, não foi suficiente para reduzir o descontentamento da população, que realizará nesta quinta-feira (14) o primeiro "panelaço" contra o governo do presidente Mauricio Macri. Em maio, os preços haviam avançado 4,2% ante abril. No mês passado, por sua vez, o indicador ficou 0,6 ponto percentual acima do máximo projetado pelo ministro da Fazenda do país, Alfonso Prat-Gay. Em junho, Prat-Gay havia dito a investidores em Nova York que a inflação seria de 2% a 2,5% durante o mês. O ministro estimava fechar o ano com uma elevação dos preços de até 25%. Só nos primeiros seis meses de 2016, no entanto, o índice chegou a 27%, segundo levantamento do Congresso Nacional feito com informações de consultorias independentes. Não há uma inflação oficial para o primeiro semestre, pois o primeiro dado do governo Macri para o indicador foi o de maio. Sob o kirchnerismo (2003-2015), houve denúncias de manipulação da inflação. A nova gestão precisou dos primeiros meses deste ano para reformular o índice. A desaceleração da inflação é vital para Macri, pois os preços argentinos representam uma das maiores insatisfações no país hoje. Em junho, os aluguéis e os serviços básicos, como o gás, subiram 7,1% ante maio, sendo os principais responsáveis pela subida dos preços. No início deste ano, o governo havia determinado ajustes de até 500% na luz e no gás. A medida foi tomada para reduzir os gastos e o deficit público do Estado, que concedeu, durante o kirchnerismo, subsídios para o pagamento desses serviços. A Justiça, porém, bloqueou na semana passada o aumento do gás. Em resposta, Macri reduziu o teto do reajuste para 400%. O presidente também pediu, duas vezes nos últimos cinco dias, para a população economizar energia. Para protestar contra a situação, os moradores de Buenos Aires realizarão nesta quinta-feira (14) o primeiro "panelaço" desde que Macri assumiu a Presidência, em dezembro. A manifestação com panelas contra políticas econômicas é comum no país desde o fim dos anos 1990 e teve seu auge na crise de 2001. Enquanto Cristina Kirchner esteve no poder, elas também eram realizadas, sobretudo como uma forma de protesto contra o controle do acesso ao câmbio.
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