A tropa de choque da presidente afastada Dilma Rousseff reagiu nesta quinta-feira à ordem de prisão contra o ex-ministro das Comunicações e do Planejamento, Paulo Bernardo, e afirmou que a detenção do petista, alvo da Operação Custo Brasil, tem por objetivo "constranger" a senadora e esposa de Bernardo, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Gleisi estava em uma reunião do Parlasul, no Uruguai, quando soube da prisão do marido. Hoje, desfalcou a tropa de choque de Dilma na comissão processante do impeachment, no Senado, para ficar com os filhos, em Curitiba. O apartamento do casal na capital paranaense foi alvo de buscas da Custo Brasil na manhã de hoje. Aliado de Gleisi, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse não entender o motivo da prisão. Ele alega que as investigações sobre o caso existem há mais de um ano e não haveria motivos para deter Paulo Bernardo e também para recolher documentos em imóveis do casal. "Estamos estranhando muito as circunstâncias em que isso aconteceu. Esse inquérito já existia há quase um ano. Estão constrangendo a senadora, que estava com sua família e com seus filhos. É um caso de criminalização da política", disse. Embora haja evidências e depoimentos de delatores de que Gleisi Hoffmann recebeu 1 milhão de reais a mando do doleiro Alberto Youssef para despesas de campanha, Lindbergh Farias tentou desvinculá-la de escândalos de corrupção. "Ninguém está falando que ela recebeu mesada, ninguém falou que ela tem conta na Suíça. Qual a razão disso senão constranger a senadora. Não existe pessoa mais íntegra do que a senadora Gleisi", afirmou. O petista ainda insinuou que a Operação Custo Brasil teria por objetivo tirar do foco outros episódios da política nacional, como as revelações de que o ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, já falecido, pediu 10 milhões de reais em propina para barrar a CPI da Petrobras, em 2009, e o mal explicado episódio da morte do empresário Paulo Cesar de Barros Morato, considerado foragido na Operação Turbulências, que apura o uso de empresas de fachada para a movimentação de dinheiro sujo e pagamento de vantagens a políticos, inclusive ao ex-candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos, morto em agosto de 2014. "Justamente um dia depois que aparece uma gravação envolvendo o presidente do PSDB no caso de propina para abafar a investigação da CPI da Petrobras e depois da morte de um operador ligado ao PSB aparece uma prisão preventiva. Qual o sentido de uma busca e apreensão um ano depois?"- questionou Lindbergh. Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), também aliada de Gleisi, a prisão de Paulo Bernardo serviria para "mascarar outras denúncias que envolvem membros do governo interino". Em nota, a bancada do PT no Senado disse que considera a busca e apreensão da casa de Gleisi e Paulo Bernardo, em Curitiba, uma "invasão. "A bancada repudia, com veemência, o claro abuso de poder cometido. A residência oficial da senadora Gleisi Hoffmann foi invadida, na presença de seus filhos menores, pela Polícia Federal, sem a devida autorização do Supremo Tribunal Federal. Com isso, usurparam-se atribuições constitucionais exclusivas do Supremo e da Procuradoria-Geral da República. Trata-se de fato gravíssimo, que atenta contra o Estado Democrático de Direito", disse. Em março, a Polícia Federal indiciou a senadora petista Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, Paulo Bernardo, pelo crime de corrupção passiva por suspeitas de que o casal recebeu dinheiro sujo do esquema do Petrolão do PT. A senadora é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal depois de ter sido citada pelos delatores Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa. Tanto o doleiro quanto o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras apontaram a parlamentar do PT como destinatária de 1 milhão de reais, desviados da Petrobras, e repassado como doação de campanha. Na versão de Youssef, o dinheiro sujo foi entregue a um preposto da petista em um shopping de Curitiba. Suspeitas de envolvimento da senadora e de seu marido também foram detectadas depois de a Polícia Federal e o Ministério Público terem rastreado as movimentações do advogado e ex-vereador Alexandre Romano, preso na Operação Lava Jato por indícios de operar um esquema de pagamento de propina no Ministério do Planejamento. A delação premiada de Romano foi crucial para a deflagração da Operação Custo Brasil nesta quinta-feira.
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