O ex-presidente do Banco Central, o banqueiro Armínio Fraga, afirmou nesta segunda-feira (2) que o governo deveria injetar recursos próprios na Petrobras. Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, Armínio disse que o governo resiste em fazer o aporte para não afetar, ainda mais, as estatísticas da dívida pública. Porém, em sua avaliação, a injeção daria condições para a petroleira trabalhar com mais fôlego. Ele não precisou valores, mas indicou que a Petrobras precisaria entre R$ 50 bilhões e R$ 100 bilhões, a depender de detalhes sobre a composição de sua dívida e a sua geração de caixa. Segundo ele, a dívida não deveria superar em três ou quatro vezes a geração de caixa da companhia. "O governo não quer por capital porque afeta estatísticas da dívida, mas pela minha experiência é melhor encarar o problema, redefinindo as regras para o setor", afirmou. Armínio Fraga se mostrou contrário à ideia de privatizar a estatal, mas defendeu que o governo "pense o setor como um todo", o que incluiria fixar preços de mercado para o setor de combustíveis. "Privatizar uma empresa que é quase um monopólio, não é solução. Mas pensaria na estrutura desse setor para gerar mais concorrência", afirmou. A Caixa Econômica Federal, segundo o banqueiro, embora tenha suas contas menos transparentes, também "é candidata a receber algum capital" do governo federal, dado as dificuldades do banco estatal. Cogitado para assumir o Ministério da Fazenda de Michel Temer – o que por fim não prosperou–, Armínio Fraga se mostrou muito preocupado com a deterioração das contas públicas. "Não sei como falam que há a opção entre ajustar ou ser feliz. É uma mentira, isso não existe. As opções são ajustar ou cair em um buraco mais profundo. O estrago já foi feito, só nos resta corrigir tudo o que está aí", afirmou, referindo-se à necessidade de cortar despesas. Armínio Fraga afirmou que o nível atual da dívida bruta do governo (ao redor de 70% do PIB) é mais elevada do que a de países com nível de desenvolvimento semelhante, o que, combinado a um baixo crescimento econômico e juros em ascensão, gera uma "aritmética explosiva". "O risco é grande. Mas a divida é interna, 80% dela está na mão de brasileiros. A situação é administrável, mas complicada", disse ele, ao responder a uma pergunta sobre o risco de insolvência do governo. Em sua opinião, é preciso dar um voto de confiança ao governo do PMDB: "Terá que tomar medidas muitas antipáticas, que vão afetar interesses". Argumentou que, caso o caminho pela correção não seja o adotado, a situação pode ficar ainda pior. "O País pode entrar numa situação mais complicada. Estávamos caminhando para isso, se não houvesse o processo de impedimento", afirmou. "A margem de manobra para arrumar o Estado é muito pequena, o risco de isso deteriorar ainda existe, é muito grande e vai continuar por um bom tempo", disse: "Vamos ter que trabalhar muito para chegar lá, porque a economia está totalmente arrebentada".
Um comentário:
A Petrobrás é Patrimônio Nacional. Antes do PT era uma das principais produtoras do Brasil. Deve ser recuperada sim e deve ser constantemente fiscalizada para que não haja mais desvios.
Postar um comentário