A Procuradoria-Geral da República pediu nesta segunda-feira (2) ao Supremo Tribunal Federal que citações feitas pelo senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) em sua delação premiada sobre o banqueiro André Esteves, controlador do BTG, sejam enviadas para análise do juiz Sergio Moro. A Procuradoria também solicitou que parte das menções seja incluída em inquéritos que já tramitam no Supremo. Os pedidos serão analisados pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo. Esteves já é alvo de dois inquéritos no STF que apuram seu envolvimento com o esquema de corrupção da Lava Jato. Em um deles, o banqueiro foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por suposta participação numa trama para a compra do silêncio e evitar a delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras. Em outra, ele é investigado em conjunto com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por suspeita de irregularidades na tramitação de medidas provisórias no Congresso. Em sua delação premiada, o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) afirmou que é fato conhecido que "o presidente da Câmara funcionava como menino de recados de André Esteves, principalmente quando o assunto se relacionava a interesses do banco BTG, especialmente no que tange a emendas às medidas provisórias que tramitam no Congresso", diz. De acordo com a delação, o presidente da Câmara dos Deputados havia apresentado emenda a uma MP "possibilitando a utilização dos FCVS (Fundos de Compensação de Variações Salariais) para quitarem dívidas com a União", o que seria do interesse do BTG e Esteves. O fato está em análise no Supremo. Delcídio cita ainda que Esteves tem relação de proximidade com o pecuarista José Carlos Bumlai, réu na Lava Jato e amigo do poderoso chefão e ex-presidente Lula. Atualmente, Bumlai cumpre prisão domiciliar, por determinação da Justiça do Paraná. O senador também afirmou que Esteves tinha preocupação com o projeto PetroÁfrica, uma operação que, segundo ele, é polêmica e levou a aquisição de 50% dos campos de petróleo, principalmente na Nigéria, pelo BTG. Delcídio disse que André Esteves, por meio do BTG, comprou 50% do PetroÁfrica pelo valor de US$ 1,5 bilhão, sendo que empresas de auditoria fizeram avaliação dos campos, tendo fixado valor de compra aproximado de US$ 2,7 bilhões. Ele apontou também que não isentava o negócio de ilicitude. Se o envio das menções for aceito por Teori, caberá a Moro avaliar se elas justificam ou não a abertura de uma nova linha de investigação envolvendo o banqueiro.
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