A Polícia Federal indiciou o ex-presidente do Postalis, Alexej Predtechensky, conhecido como Russo, o operador do mercado financeiro Fabrizio Dulcetti Neves e outros cinco por suspeita de fraude de R$ 400 milhões em operações financeiras do fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Até 2015, a Polícia Federal calculava o rombo em R$ 180 milhões, mas as investigações apontaram novas fraudes que dobraram o valor. O desvio acontecia em compras de ações superfaturadas e pagamento de taxas indevidas. Os indiciados foram enquadrados por gestão fraudulenta e apropriação de dinheiro, entre outros. Para a Polícia Federal, Russo e Neves eram os cabeças do esquema. A investigação começou em 2012 quando o Finra (Financial Industry Regulatory Authority, órgão autorregulador do mercado financeiro americano, enviou ao Brasil informações sobre transações financeiras suspeitas feitas em Miami por uma administradora de valores de São Paulo. A fraude consistia na compra de títulos do mercado de capitais por uma corretora americana, que os revendia por um valor superfaturado para empresas sediadas em paraísos fiscais ligadas aos investigados. Em seguida, os títulos eram adquiridos pelo Postalis com preço ainda mais elevado, chegando a ficar 60% acima do real valor de mercado. Também eram feitas operações em grandes quantidades para gerar taxas para as corretoras. O destino final do dinheiro, segundo a Polícia Federal, era o bolso dos operadores e do ex-presidente do Postalis. "As operações davam prejuízo ao Postalis. Depois, o dinheiro era desviado por meio de offshores em paraísos fiscais e, posteriormente, era apropriado pelos operadores do esquema", diz o delegado Milton Fornazari Junior, responsável pela investigação. As operações deram a dimensão do enriquecimento dos indiciados, segundo a Polícia Federal. A polícia cumpriu mandado numa mansão de Russo às margens do Lago Paranoá, endereço nobre de Brasília. Dulcetti mora numa casa em Miami e tem um apartamento de 1.000 metros quadrados no Morumbi. Os prejuízos do Postalis vão parar na conta dos 71 mil funcionários da ativa e 30 mil aposentados dos Correios. Como o plano que paga as aposentadorias do fundo tem deficit de R$ 5 bilhões, o Postalis aprovou taxar em 17,9%, a partir de maio e com vigência prevista para 23 anos, a previdência dos beneficiários para reduzir o rombo. José Luis Oliveira Lima, advogado de Alexej Predtechensky, disse que o indiciamento do seu cliente é descabido e sem qualquer embasamento. Ele diz que seu cliente não praticou irregularidade enquanto esteve na presidência do Postalis e que, ao ter acesso ao relatório da Polícia Federal, apresentará petição contestando os fundamentos da decisão. O advogado José Luis Oliveira Lima é o mesmo que defendeu o bandido petista mensaleiro José Dirceu no processo do Mensalão do PT. Ele é sobrinho de José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e um dos chefes de grandes escritórios de criminalística que comandam o sindicato de advogados defensores de grandes empreiteiras. O outro é o escritório do falecido petista Marcio Thomas Bastos. José Luis Oliveira Lima é ex-namorado da jornalista Monica Bergamo, uma espécie de diário oficial do PT dentro da redação do jornal Folha de S. Paulo.
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