terça-feira, 26 de abril de 2016

Othon foi 'emissário' do PT e PMDB para distribuição de propina, diz ex-presidente da Andrade Gutierrez


O ex-presidente da Eletronuclear, o almirante Othon Pinheiro da Silva atuou, desde 2005, como uma espécie de "emissário" do PT e do PMDB para o pagamento de propina da empreiteira Andrade Gutierrez nas obras da usina nuclear de Angra 3. A informação foi prestada nesta segunda-feira (25) pelo ex-presidente da companhia, Rogério Nora de Sá, em depoimento na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Helton Pinto, advogado do almirante, disse que irá "se pronunciar sobre o assunto apenas no âmbito do processo, no momento necessário". "Ele (Othon) precisava definir um valor de auxílio político. Acertamos 1%", disse Rogério Nora de Sá. De acordo com os depoimentos na Justiça Federal, o PT receberia 1% da propina da obra e o PMDB outro 1%, sendo que no caso do partido, a propina ainda foi dividida em 0,5% para dois diferentes grupos dentro da legenda. Até agora nenhum dos depoimentos explicou qual seria esse valor exato em reais. Na Eletronuclear, contrato das obras foi de R$ 1,5 bilhão. As informações dos executivos confirmam o depoimento de Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, em sua delação prestada à Justiça.


Já Clovis Renato Peixoto, ex-diretor da Andrade Gutierrez, detalhou a informação explicando que para o pagamento de propina, o almirante Othon Pinheiro de Sá e os partidos políticos indicaram empresas para receberem o dinheiro. Contratos foram assinados, mas os serviços não foram realizados. O documento era apenas, de acordo com o depoimento, para justificar a saída do dinheiro do caixa. A indicação das empresas era para pagar ainda um grupo de diretores da Eletronuclear. Nunca falei com políticos ou com o Othon sobre repactuação de contratos. Só recebia a informação que tinha que pagar. Nunca gostei muito de mexer com o dinheiro dos outros", afirmou Peixoto, que fechou acordo de delação com o Ministério Público Federal. Clóvis Peixoto disse ainda que o PT usou o dinheiro para o pagamento de campanhas políticas. Já o PMDB para quitar os gastos com campanhas ou lucrando com propinas. Além disso, Peixoto lembrou ainda que o almirante Othon Pinheiro da Silva recebia de empresa mesadas de R$ 20 mil a R$ 30 mil, sem periodicidade definida, para seus "projetos pessoais". Essas doações começaram em 2005, logo depois do almirante assumir o cargo. O almirante Othon Pinheiro da Silva cumpre pena em casa com tornozeleira eletrônica. 

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