O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, apóiam o nome de José Serra (PSDB-SP) para o Ministério da Fazenda. O senador tucano, por sua vez, sinalizou a Michel Temer que aceita ocupar o cargo, desde que a pasta do Planejamento, o BNDES e o Banco Central sejam dirigidos por pessoas indicadas por ele ou que pelo menos tenham grande afinidade com as políticas que pretende adotar. Fraga indicou o nome de Serra para Temer no jantar que teve com o vice-presidente na semana passada. Ele apontou outros candidatos, como Murilo Portugal, presidente da Febraban (Federação Nacional dos Bancos). Mas disse que o senador tucano teria, entre suas qualidades, uma forte interlocução com o Congresso Nacional, o que seria necessário para aprovar reformas impopulares. A afirmação foi feita na frente do presidente do PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG ), que é contra a participação da legenda no governo. As observações de Fraga vão contra o senso comum de que Serra é rejeitado pelo mercado financeiro, o que teria levado Temer a descartar o nome dele para o cargo. Fernando Henrique Cardoso fez análise parecida à de Fraga a interlocutores. Segundo disse, Serra teria força e aliados no Congresso, condição hoje essencial para superar a crise, que seria mais política do que econômica. Ainda que o PSDB aprove, em reunião no próximo dia 3, decisão de não participar diretamente do governo, dificilmente seus deputados e senadores votariam contra propostas encaminhadas por Serra ao parlamento.
Senadores do PSDB afirmaram na semana passada que só apoiariam o governo Temer caso ele nomeasse Serra para a Fazenda. "Não aceitaremos papel periférico", disse um deles. Serra e Temer se reuniram domingo no Palácio do Jaburu, em Brasília. A equipe do vice-presidente afirma que ele está apenas ouvindo pessoas, sem formalizar qualquer convite para integrar a equipe de seu eventual futuro governo. No sábado, Temer recebeu Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central no governo Lula e também apontado como candidato ao cargo. Ainda que não confirme Serra na Fazenda, o vice pretende abrigá-lo em um cargo importante. Os dois são amigos pessoais. Além disso, Temer reconhece a importância de Serra na articulação pelo impeachment.
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