O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (7), em Brasília, em inquérito de desdobramento à Operação Lava Jato. Ele foi ouvido na investigação aberta a partir da delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, que disse ter feito contribuições via caixa dois para a campanha do petista ao governo de São Paulo, em 2010. O ministro rebateu a versão do empreiteiro e argumentou à PF que só recebeu doações oficialmente registradas na Justiça eleitoral. A Folha apurou que, no mês passado, Mercadante foi recebido em audiência pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na ocasião, não foi prestado, formalmente, um depoimento. Após ter sido citado na delação do senador Delcídio do Amaral, Mercadante solicitou o encontro e se colocou à disposição para prestar os esclarecimentos. Janot o informou que os desdobramentos da delação do parlamentar estavam sob análise. A prestação de contas disponível no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aponta que a UTC e a Constran, empresa do mesmo grupo, doaram R$ 500 mil à campanha de Mercadante em 2010. Pessoa sustentou em depoimento que também fez uma contribuição não-contabilizada. Pessoa e o presidente da Constran, João Santana, já foram ouvidos nessa investigação. O dono da UTC afirmou ter doado R$ 500 mil oficialmente e R$ 250 mil em caixa dois, em espécie. João Santana confirmou ter participado de uma reunião com Pessoa e Mercadante, na casa do petista, mas disse que não ouviu o pedido de doação de caixa dois. No mês passado, mais uma vez, o ministro se viu às voltas com fatos relacionados à Lava Jato. Na ocasião, veio a público a gravação de uma conversa dele com o ex-assessor do senador Delcídio do Amaral, Eduardo Marzagão. O diálogo revela Mercadante sugerindo a Marzagão que o parlamentar não deveria firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público, o que acabou ocorrendo. A PGR (Procuradoria Geral da República) ainda analisa se pedirá abertura de inquérito para este caso. Na diálogo, Mercadante oferece ajuda financeira e sugere a possibilidade de o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, ser procurado atuar pela soltura de Delcídio, que à época estava preso. Sobre os dois casos, o ministro da Educação já negou o envolvimento com irregularidades. Em relação a Pessoa, deu entrevista, afirmando que só recebeu contribuições oficiais. A respeito das acusações de Delcídio, admitiu que ofereceu ajuda, mas negou que tivesse intenção de impedir sua delação premiada.
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