A uma semana da votação decisiva sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, a cúpula do PSDB se reuniu nesta sexta-feira, 8, em São Paulo, para dar uma demonstração de unidade, sepultar a tese de novas eleições e blindar o vice-presidente Michel Temer (PMDB). O encontro ocorreu em um momento de turbulência interna do partido. O governador Geraldo Alckmin enfrenta um racha sem precedentes em São Paulo devido ao apoio que deu ao empresário João Doria nas prévias da capital e os tucanos divergem sobre a participação em um eventual ministério de Temer. O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os senadores Aloysio Nunes e José Serra, os governadores Beto Richa (PR) e Pedro Taques e uma comitiva de parlamentares tucanos se reuniram no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Durante o encontro, os tucanos decidiram retirar de uma vez por todas a proposta de novas eleições do horizonte e selar o apoio a “solução Temer”. No fim de 2015, às vésperas do recesso do parlamentar, as principais lideranças do PSDB no Congresso anunciaram que a melhor saída para a crise política seria a realização de novas eleições, e não apenas o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Embora os discursos já demonstrassem uma nova mudança retórica, a posição partidária não havia mudado oficialmente até a reunião desta sexta-feira. “O PSDB reafirma o seu compromisso absoluto com a interrupção do mandato da presidente Dilma pela via constitucional do impeachment: 100% do partido apoia o afastamento", afirmou Aécio em entrevista coletiva após a reunião na sede do governo paulista. Em seguida, o senador fez uma ponderação: “O PSDB não é beneficiário dessa solução”. Em sua fala, Alckmin ressaltou que o momento é “unidade” em benefício do povo brasileiro: “O quadro político é de extrema gravidade e precisa ser aliviado. A população brasileira quer mudança. Nós temos lado: o lado da mudança”. Motivo de divergência interna, o debate sobre a participação do PSDB com cargos em um eventual governo Temer foi adiada para depois da votação do impedimento. Defensor da participação, José Serra não participou da entrevista coletiva aos lados das lideranças tucanas. Sobre a tese de realizar novas eleições gerais, que hoje é defendida por parte do PMDB e ventilada por setores do governo, o PSDB foi unânime. O secretário geral do partido, deputado Silvio Torres (SP), classificou como “absurda” a proposta. “Não há a menor chance de realizar eleições gerais”, afirmou ele aos jornalistas. Terminada a reunião, Aécio Neves seguiu com uma comitiva de deputados para um evento organizado pela Força Sindical que teve com um dos objetivos centrais dar apoio ao vice-presidente Michel Temer, que é alvo de um pedido de impeachment na Câmara. "O impeachment não era a primeira opção de muitos de nós tucanos. Sempre achamos que novas eleições a partir do Tribunal Superior Eleitoral talvez fosse o caminho que legitimasse de forma mais adequada um novo governo. Mas hoje, há uma convergência em razão da necessidade de essa mudança acontecer rapidamente. Não se sabe o que acontecerá no TSE nem quando. O impeachment está nas nossas mãos", disse Aécio Neves.
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