O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), afirmou na reunião da comissão do impeachment desta sexta-feira (29) que pedirá a inclusão de informações relacionadas à operação Lava Jato, como previa a denúncia original protocolada na Câmara. Segundo Cunha Lima, houve um acordo velado entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem coube deflagrar o processo de impeachment, e a presidente petista Dilma. O tucano afirma que nenhum deles tinha interesse na continuidade da Operação Lava Jato. Eduardo Cunha não acataria os trechos que mencionam Dilma e a Lava Jato na denúncia do impeachment. Enquanto isso, o Palácio do Planalto barraria a continuidade da operação sobre o peemedebista, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. "Vamos discutir a inclusão da parte excluída na Câmara dos Deputados, fruto do acordo de Dilma com o presidente da Câmara, porque ambos não tinham interesse na inclusão da Lava Jato", disse Cássio Cunha Lima. Para o ministro da Advocacia-Geral da União, o "porquinho" petista José Eduardo Cardozo, a intenção de colocar outros fatos neste momento significa "querer desestabilizar e matar a possibilidade de defesa". "Não sei do que ela está sendo acusada no âmbito da Lava Jato. Não há nenhum inquérito aberto contra ela. A elaboração da defesa só pode ser feita se eu sei exatamente do que estou sendo acusado e ela está sendo acusada de decretos e da situação do Plano Safra". O advogado-geral da União também reiterou o que o governo tem repetido desde que Eduardo Cunha acatou, em dezembro de 2015, o pedido de impeachment de Dilma. "Quando a oposição retira o apoio, Cunha ameaça o governo e foi o que aconteceu. Ele indeferiu o que era anterior ao atual mandato". O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), também reagiu à intenção do senador tucano de ampliar a denúncia. "Essa proposição é porque esses dois pontos que ai estão são indefensáveis para que façam com que uma cidadã brasileira seja submetida à maior pena que se possa aplicar. Por que não propuseram isso na Câmara? Por que não recorrem ao Supremo para ampliar?" Cássio Cunha Lima não disse quando pretende pedir a inclusão dos trechos que fazem referência à presidente no âmbito da Lava Jato. A intenção do senador atende demanda levantada durante sessão de quinta-feira (28), quando uma das autoras do pedido, a advogada e doutora em Direito, Janaína Pascoal, defendeu que os parlamentares levassem em conta na análise do processo de impeachment as informações da Lava Jato constantes no texto original. "Estou dizendo que vocês são competentes para analisar o texto na íntegra", afirmou Janaína Paschoal. O processo em análise pelos senadores trata apenas das pedaladas fiscais de 2015 e a edição de decretos suplementares editados no mesmo ano. A denúncia original fala da compra fraudulenta, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, quando a petista Dilma presidia o Conselho de administração da estatal. O texto, contudo, diz que o episódio foi apenas "a ponta do iceberg". Menciona ainda a proximidade da petista com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, e o poderoso chefão e ex-presidente Lula, que, afirma, "se transformou em verdadeiro operador da empreiteira intermediando seus negócios junto a órgãos públicos".
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