A forte valorização do real em março, provocada sobretudo pelo avanço do processo de impeachment da presidente petista Dilma Rousseff, levou as contas públicas a uma situação inédita. União, Estados e municípios tiveram um resultado positivo nas suas operações financeiras, ou seja, receberam mais juros do que pagaram a seus credores. sem que fosse necessário dar um calote da dívida, medida defendida por alguns setores da esquerda. Normalmente, o setor público tem uma despesa líquida, e não uma receita, com os juros da dívida. No mês passado, no entanto, uma das instituições que fazem parte dessa conta, o Banco Central, obteve uma receita extra de R$ 42,7 bilhões devido ao ganho nas suas operações com contratos de câmbio (swap cambial). O valor foi mais que suficiente para cobrir as outras despesas com juros, o que levou o setor público a fechar o mês com ganho líquido de R$ 648 milhões nas suas operações financeiras. É a primeira vez que se registra um resultado positivo na conta de juros desde que o Banco Central passou a fazer essa contabilidade pela metodologia atual, em dezembro de 2001. O câmbio teve uma apreciação de 10,6% em março, o que gerou ganho nas operações de swap cambial. Em abril, a valorização do real deve ser menor. Por isso, o Banco Central estima que o ganho não será suficiente novamente para cobrir as outras despesas com juros. Mesmo assim, deverá ajudar a conter o aumento da dívida pública. Um efeito positivo dessa receita extra foi a queda na dívida bruta de 67,6% em fevereiro para 67,3% do PIB (Produto Interno Bruto) em março, primeiro recuo em 11 meses. O Banco Central estima que o endividamento fique estável em abril.
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