Um técnico do Ministério da Fazenda que participou da elaboração de duas medidas provisórias investigadas na Operação Zelotes sob suspeita de terem sido obtidas mediante corrupção afirmou em depoimento à Polícia Federal que elas "seguiram o rito ordinário", mas confirmou ter recebido o lobista Mauro Marcondes para discuti-las. Dyogo Henrique de Oliveira, citado nas investigações da Zelotes como um dos contatos que os investigados tinham no governo federal, afirmou que era responsável por "discutir medidas legais com vários setores da economia" e que nunca recebeu propina. O lobista Mauro Marcondes foi preso preventivamente devido às investigações da Zelotes. Sua empresa, a Marcondes e Mautoni, é suspeita de participar do esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). A Marcondes e Mautoni também é investigada por ter contratado a LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente – os investigadores apuram se o contrato foi para obter favores no governo federal. As duas medidas provisórias que foram alvo de lobby de Marcondes se referem a benefícios fiscais ao setor automotivo, que ele representava. Marcondes também se reuniu com o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para fazer lobby pela prorrogação desses benefícios. Em seu depoimento à Polícia Federal, o petista Gilberto Carvalho confirmou que foi procurado e que chegou a prometer que intermediaria um contato com o Ministério da Fazenda, mas que acabou não fazendo essa intermediação. No depoimento de Dyogo, dado em 26 de outubro, não constam perguntas sobre se Gilberto Carvalho intermediou essas reuniões. Dyogo exerceu cargos de secretário adjunto de política econômica, secretário executivo adjunto e secretário executivo do Ministério da Fazenda. Hoje atua no Ministério do Planejamento. "A elaboração das duas medidas provisórias seguiram o rito ordinário", afirmou o funcionário. Ele disse não se lembrar "de quaisquer intercorrências excepcionais no trâmite" das MPs e "declara com certeza não ter recebido quaisquer valores por parte de pessoas interessadas na edição das medidas provisórias". Dyogo, que é funcionário de carreira do governo federal desde 1998, também declarou que "não tem como afirmar que outras pessoas do governo receberam valores" mas que, quanto a ele, sequer foi oferecido algo. Segundo ele, foram "cerca de três reuniões" com Marcondes. Ele afirma que também se reuniu com outros representantes do setor. "Era função do declarante prestar esclarecimentos legais e técnicos sobre as medidas propostas", disse. No depoimento, ele disse que os benefícios fiscais pleiteados pelo setor foram prorrogados por cinco anos.
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