terça-feira, 10 de março de 2015

Xeque boçal manda apresentadora de TV "calar a boca" e ela interrompe a entrevista passando-lhe uma carraspana


O vídeo em que a libanesa Rima Karaki encerra uma entrevista com um xeque islâmico que a mandou calar a boca espalhou-se rapidamente pela internet e os elogios à atitude da apresentadora multiplicaram-se. Só uma das versões publicadas no YouTube teve mais de 5,6 milhões de acessos em uma semana. "Nesse estúdio, eu comando o show", disse Rima a Hani Al-Siba'i, a um boçal "estudioso" egípcio baseado em Londres. Em entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal britânico The Guardian, a apresentadora disse que não esperava tanta repercussão e declarou que não se vê como uma heroína: "Eu não me sinto heroína. Eu me sinto como qualquer homem ou mulher que tem respeito por si mesmo". A discussão ocorreu durante uma entrevista no início deste mês em que o xeque boçalóide deveria analisar informações sobre dois cristãos que teriam entrado para as fileiras do grupo terrorista Estado Islâmico. O entrevistado começou então a falar sobre a história dos cristãos no Oriente Médio e, quando ele mencionou as organizações terroristas Brigadas Vermelhas, na Itália, e Baader-Meinhof, da então Alemanha Ocidental, a apresentadora o interrompeu para advertir sobre o tempo limitado para a conversa. De forma grosseira, o entrevistado disse: "Escuta aqui, não me interrompa. Eu vou responder do jeito que eu quiser. Que tipo de comportamento é esse?" Rami reiterou sua preocupação com o tempo e o xeque apelou: "Acabou? Então cale a boca para que eu possa falar". A apresentadora Rima respondeu dizendo: "Como eu posso respeitar um xeque como você dizendo para uma apresentadora se calar?" O boçal respondeu: "É minha escolha ser entrevistado por você. Você é uma mulher que...". Então o microfone do boça xeque foi cortado. Pouco depois, ela encerrou a entrevista dizendo: "Só um segundo. Ou há respeito mútuo ou essa conversa está encerrada". Na entrevista para o The Guardian, Rima Karaki diz que estava usando véu a pedido do entrevistado. Ela criticou a hipocrisia de alguns convidados religiosos que pedem o uso do véu durante as entrevistas, mas fora do estúdio conversam com jornalistas que não estão usando o véu. Sobre sua reação à grosseria, ela disse que "se não tivesse respondido, teria odiado a si mesma": "Quando ele disse cale a boca, não era mais possível me calar, porque isso seria um insulto a mim mesma". "Algumas pessoas acham que os homens têm um direito desde o nascimento de exercer o controle sobre as mulheres, mas a muitas mulheres que estão quebrando essa imagem e muitos homens que apoiam isso, embora sejam mais mulheres, porque vivemos em uma sociedade patriarcal", acrescentou. Sociedade patriarcal é a islâmica, à qual essa apresentadora libanesa se submete, tanto que curvou-se para usar um véu ao entrevista um boçal islâmico. No Ocidente ela estaria protegida dessas boçalidades. 


Nenhum comentário: