Investigado no Supremo Tribunal Federal por suspeita de participação no esquema de corrupção da Petrobras, o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) declarou à Justiça Eleitoral possuir R$ 1,8 milhão em dinheiro no ano passado. A quantia em espécie chamou a atenção da Procuradoria-Geral da República, que pediu ao Supremo a abertura de inquérito para apurar suas relações com o doleiro Alberto Youssef e com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal. Em seus depoimentos, Paulo Roberto Costa apontou Aníbal Gomes como sendo o interlocutor do presidente do Senado, Renan Calheiros, junto ao esquema da Petrobras. Segundo Paulo Roberto Costa, Gomes era quem transmitia-lhe os pleitos de Renan, outro nome na lista de investigados no Supremo. Na petição enviada ao Supremo, a Procuradoria Geral da República alerta para o crescimento da quantia em dinheiro que pertencia a Aníbal Gomes. O deputado informou à Justiça Eleitoral manter R$ 1,3 milhão em espécie na campanha de 2010, quando concorreu a uma cadeira na Câmara. O montante representava 20% de seu patrimônio registrado à época. Quatro anos mais tarde, disputando a reeleição, Gomes declarou R$ 1,8 milhões em dinheiro vivo, valor equivalente a quase 90% de todos os seus bens naquele ano. "Registre que não há, em princípio, nenhuma vedação legal à manutenção de recursos em espécie. Porém, não havendo indícios veementes do envolvimento do deputado (...), ressai como fora de contexto normal dos fatos a manutenção de tais quantias em espécie, notadamente em período pós-eleitoral", salientou o Ministério Público. O mesmo documento detalha as doações à campanha de Renan Calheiros feitas pelas empresas do cartel que atuavam na Petrobras, por intermédio do diretório estadual do PMDB. O levantamento do Ministério Público junto ao Tribunal Superior Eleitoral mostra que, juntas, cinco empreiteiras contribuíram com 2,5 milhões para Renan Calheiros em 2010, quando ele disputava a eleição ao Senado. Esse montante foi doado pelas construtoras Camargo Corrêa, OAS, UTC, Galvão Engenharia e Envegix ao PMDB de Alagoas e, em seguida, repassado ao então candidato. "Os vultosos valores recebidos por Renan Calheiros (em princípio como 'doações oficiais') de várias empresas em que já se demonstrou estarem diretamente envolvidas na corrupção de parlamentares", informa o Ministério Público. A Procuradoria Geral da República lembra ainda, na petição, que uma das formas de pagamento de propinas (...) era exatamente a realização de várias doações registradas oficialmente aos diretórios dos partidos. Renan Calheiros informou por meio da assessoria de imprensa que jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes a falar em seu nome e reiterou que todas as doações recebidas são legais e foram devidamente declaradas à Justiça Eleitoral.
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