domingo, 23 de dezembro de 2007

Laudo aponta falha humana como uma das causas da queda do Learjet em São Paulo

Falha humana pode ter sido a causa da queda do Learjet 35 da Reali Táxi Aéreo sobre casas, na tarde do dia 4 de novembro, matando oito pessoas na zona norte da capital, perto do aeroporto de Campo de Marte. O Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos em São Paulo (Seripa 4) divulgou na sexta-feira relatório preliminar sobre as causas do acidente. O teor de uma das três recomendações de segurança emitidas pelos militares da Aeronáutica confirma rumores surgidos no início das investigações: o piloto Paulo Roberto Montezuma Firmino, de 39 anos, conversou em seu rádio Nextel até minutos antes da decolagem, no Campo de Marte. Tudo indica que essa distração, somada ao desbalanceamento da quantidade de combustível nos tanques do avião, contribuiu para sua queda. Peritos da Aeronáutica também têm evidências de que a tripulação do Learjet não fez o "check list" da aeronave. O procedimento é obrigatório e evita que os pilotos decolem sem verificar o funcionamento dos principais sistemas de comando, como motores, freios e controles direcionais. Os militares apuraram ainda que o jato foi abastecido com mil litros de querosene, distribuídos igualmente nos tanques das asas. Toda a preparação para o vôo foi feita pelo co-piloto Alberto Soares Júnior, de 24 anos, sem a supervisão de Firmino, que cuidava de assuntos administrativos. A segunda recomendação de segurança adverte os tripulantes justamente para esse tipo de descuido. Soares Júnior era novato e não havia concluído o processo de instrução em vôo. Antes da decolagem, o co-piloto deu duas partidas nos motores, enquanto o comandante estava fora da cabine. A primeira foi abortada por causa da não indicação de pressão do óleo. A suspeita inicial era de que uma eventual falha em um dos motores teria provocado a queda, uma vez que as pás internas dos propulsores retiradas dos escombros estavam danificadas de maneiras distintas. No momento do impacto com as casas, ambos os reversos (freios aerodinâmicos acoplados às turbinas) estavam fechados, ou seja: os pilotos nem tiveram tempo de acioná-los. O relatório preliminar confirma que o avião percorreu a pista do Campo de Marte normalmente. Em seguida, segundo relatos de testemunhas e de controladores de vôo de plantão no dia do acidente, o Learjet começou a se inclinar para a direita, caindo em um ângulo de 90 graus.

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