terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Cristina Kirchner assume Presidência argentina cercada de desafios

Cristina Fernández de Kirchner recebeu nesta segunda-feira, entre lágrimas, a Presidência da República Argentina das mãos de seu marido, Néstor Kirchner. Diante de líderes de todo o continente no Congresso, Cristina, de 54 anos, jurou "por Deus, pela pátria e os Santos Evangelhos" como primeira mulher eleita nas urnas para presidir a Argentina. Usando um sóbrio vestido branco, a nova presidente se comprometeu a manter as políticas de seu marido contra a pobreza e disse que seguirá o exemplo de luta de Eva Perón. "Sempre faltará a vitória definitiva até que haja um pobre na pátria", ressaltou ela no discurso improvisado e de tom severo, em que aproveitou também para estender a mão ao vizinho Uruguai, com quem a Argentina mantém uma disputa diplomática. De carro, ela percorreu o trajeto que separa o Congresso da Casa Rosada, acenando pela janela a centenas de seguidores. "Vai ser uma boa presidente, tem uma boa atitude, um caráter forte e vai lutar pelos pobres", disse a dona-de-casa Silvia Sergio, que vive no subúrbio de Buenos Aires. Cristina chega à presidência depois de uma longa carreira na militância política e de quase duas décadas como parlamentar. "Isso mostra a mudança de época, as mulheres por fim estão ocupando o lugar que merecem na história latino-americana", disse o presidente do Equador, Rafael Correa. A nova presidente, que manterá a maioria dos ministros do marido, prometeu preservar o modelo voltado para o consumo doméstico, o que permite à Argentina crescer mais de 8% ao ano desde 2003, embora tenha ressuscitado o risco de inflação, que beira os 9% ao ano. Segundo cifras oficiais, em cinco anos a pobreza caiu de mais de 54% da população para 23%. Outro desafio do governo Cristina será o da infra-estrutura, especialmente energética.

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