domingo, 9 de setembro de 2007
Viúva de Toninho do PT continua esperando a verdade sobre o assassinato do marido
Seis anos após a morte do marido, Antonio da Costa Santos, conhecido como Toninho do PT, então prefeito de Campinas, a viúva Roseana Garcia ainda se sente abandonada pelo diretório do PT. “Não quero falar do PT, nem do Lula”, diz ela. A memória do dia 10 de setembro de 2001 ainda doe para esta psicanalista paulista. Eram quase 22 horas quando Roseana e a filha Marina esperavam Toninho para jantar. Ele havia ido ao Shopping Iguatemi trocar uma roupa. Como estava demorando, Marina resolveu ligar em seu celular, e foi atendida por um policial. Assustada, desligou. Roseana acionou Gerardo Mello, atual presidente do PT de Campinas, para que ele a ajudasse obter informações sobre o que havia ocorrido. Minutos depois, recebeu a notícia de que o então prefeito da cidade havia sido assassinado. Três tiros foram disparados por quatro ocupantes de um Vectra prata em direção ao Palio do prefeito. Um deles atingiu fatalmente Toninho do PT. Toda a cúpula petista se deslocou a Campinas para o velório. Estiveram presentes o senador Eduardo Suplicy, a ministra do Turismo Marta Suplicy (à época prefeita de São Paulo), o deputado federal José Genoino e o Lula. Lula deu declarações incisivas nos primeiros meses sobre o assassinato e, segundo a viúva, chegou a dizer, na campanha presidencial de 2002, que colocaria a Polícia Federal para investigar o crime se fosse eleito, o que não aconteceu nunca. Até hoje, não há uma conclusão sobre os assassinos, nem sobre a motivação do crime. Os promotores do Ministério Público de Campinas, Ricardo Silvares e Fernando Vianna, atribuem a autoria do assassinato à quadrilha de Wanderson de Paula Lima, o Andinho, que está preso. Ele, no entanto, não assume esse crime. A apuração dos promotores aponta que Toninho do PT teria sido morto por ter atrapalhado uma fuga dos bandidos no trânsito. Entretanto, o monitoramento do celular de um integrante da quadrilha revelou que Andinho estava a 77 quilômetros de distância do local do crime no momento da morte e a arma do crime nunca foi localizada. Para a viúva do prefeito, as investigações foram mal feitas e muita coisa deixou de ser apurada. Roseana diz que seu marido foi assassinado por ações na Prefeitura que contrariavam interesses políticos e empresariais, como no caso do contrato do lixo, cujas negociações para redução de valores a serem pagos foram bastante intensas durante os poucos meses de mandato de Toninho. Ela pondera ainda que o projeto de expansão do aeroporto de Viracopos, que teria que deslocar favelas que predominam em seu entorno e onde há tráfico de drogas, pode ter estimulado os assassinos. Rosana não tem dúvida de que o assassinato de seu marido foi crime de mando. “Muitas pessoas foram favorecidas com a morte de Antonio, especialmente políticos, empresários ligados à prefeitura e especuladores imobiliários, só para citar alguns”, diz ela. Neste domingo, dois atos marcaram os seis anos do assassinato de Toninho do PT: a partir das 10 horas, na Avenida Mackenzie, próximo ao Shopping Iguatemi, onde Toninho foi morto; à noite, em uma missa na Igreja Nossa Senhora Aparecida, no bairro Jardim Proença, onde Toninho viveu durante muitos anos de sua vida, em um casarão histórico. Roseana, que vive hoje em São Paulo, por causa das ameaças que recebeu, diz: “Irei chorar sempre no dia 10 de setembro. Interromperam a vida e os sonhos de Antonio, e levaram um pedaço da minha vida também. Caso Antonio ainda estivesse vivo, teria 55 anos, e estaria muito provavelmente no seu segundo mandato de prefeito. Ele não teria compactuado jamais com as falcatruas que o PT vem fazendo. Como político, ele mesmo dizia que não tinha o rabo preso com ninguém. Antonio era um urbanista apaixonado por Campinas e a cidade estaria bem melhor hoje se ele não tivesse sido assassinado”.
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