quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Delfim Netto defende juro menor e apuração dos crimes da ditadura militar

O economista Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal, defendeu nesta terça-feira, em sabatina no jornal Folha de S. Paulo, a queda dos juros para conter a valorização cambial, a apuração dos crimes cometidos na ditadura militar e o avanço das reformas para reduzir a carga tributária e os gastos de custeio e salários do governo. Defensor do déficit nominal zero, Delfim diz que este status só pode ser obtido com trabalhos em várias frentes. As principais seriam a redução da taxa real (descontada a inflação) de juros ( Brasil tem a segunda maior do mundo, perdendo apenas para a Turquia) e a redução de gastos governamentais. A redução dos juros ainda resolveria outro problema enxergado pelo economista: a supervalorização do dólar ante o real. Para Delfim Netto o governo não pode fazer nada contra a valorização cambial, mas pode trabalhar contra a supervalorização. "Não vejo motivos para a nossa taxa de juros reais ser maior do que 3% ou 4%", disse Delfim. Atualmente a taxa de juros reais do País gira em torno de 8% (a Selic está em 11,5% ao ano). Para garantir o crescimento da economia, Delfim Netto defende o avanço de diversas reformas, como a fiscal, a previdenciária e a política. Sobre a Previdência, o economista vê como principal problema o fato das regras para o setor público serem distintas em relação ao setor privado. "Tem que colocar todo mundo no mesmo regime de previdência", disse ele. A reforma fiscal, por sua vez, é necessária para eliminar outro problema para o avanço do crescimento do País: a alta carga tributária e o baixo volume de investimentos. "No governo do Itamar [Franco, presidente entre 1991 e 1993], a carga tributária era de 26% do PIB (Produto Interno Bruto) e o investimento era de 4%. Hoje a carga é de 36% e o investimento só de 2%", reclamou Delfim Netto. Além do gasto previdenciário, Delfim lembra que os gastos de custeio e salários precisam ser contidos. O economista defendeu ainda que as informações e crimes do livro 'Direito à Memória e à Verdade', que conta detalhes da ditadura militar no Brasil, devem ser investigadas: "É claro que não podemos ser solidários com o que ocorreu nos porões da ditadura. Uma vida vale mais do que qualquer coisa". Isto soa como um enorme cinismo, já que Delfim Netto foi um dos signatários do infame AI5, em outubro de 1968, que realmente instalou a feroz ditadura no Brasil. E ele só soube governar a economia com a guilhotina do AI5.

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