“Tardiamente, noticiamos a morte do morador de Araponga, Planaltina, DF, chamado Jony Figueiredo da Silva, 44 anos, que foi o sexto preso político de 8 de janeiro a morrer. O falecimento se deu no hospital de Planaltina às 7h30 de 27 de setembro desse ano, por parada cardiorrespiratória, edema agudo nos pulmões e cardiopatia valvar (prótese). As informações dos presos políticos não fluem e, ao menos que um familiar ou advogado se manifeste, não há como saber a sua situação.
Até falecer, Silva utilizava tornozeleira eletrônica e comparecia regularmente no fórum para assinar, conforme exigência do Supremo Tribubal Federal (STF), para permanecer em liberdade provisória até o seu julgamento virtual. Ele foi preso no QG de Brasília em 09.01.2023 e levado para o presídio da Papuda. Ao sair de lá, viveu muitas restrições de liberdade e consta em seu processo o pedido da Defensoria Pública da União o direito a fazer exames no Hospital de Brasília, por problemas cardíacos, que foi concedido pelo ministro Alexandre de Moraes.
O Jony foi notícia na mídia tradicional (você pode conferir digitando o nome dele para fazer uma busca) por ter sido aditado após um boné amarelo ser identificado dentro de um dos prédios da República, com vários materiais genéticos, inclusive o seu. O aditamento significa que o manifestante passou a responder por cinco crimes e não dois, que originalmente ocorria, o que significaria que ao passar pelo julgamento do STF ele teria uma pena equivalente a 14 a 17 anos de prisão, como já foi aplicada a mais de duas centenas de pessoas que estiveram em Brasília em 8 de janeiro.
Esse aditamento foi contestado pelo ministro André Mendonça, do STF, que esvcreveu o seguinte no seu voto por ocasião do julgamento para aditar os “crimes” de Jony:
A única especificidade em relação ao acusado Jony Figueiredo da
Silva, sem curso superior e que vem se dedicando à venda de frangos
assados como forma de sustento (e-doc. 37), para fazer migrá-lo das
acusações originais (e de eventual oferecimento de ANPP) para a
presente acusação pelos crimes dos arts. 288, parágrafo único, 359-L, 359
M e 163, parágrafo único, incs. I, II, III e IV, todos do Código Penal e art.
62, inc. I, da Lei nº 9.605, de 1998 (com sujeição a penas que, somadas,
poderão superar os 14 anos de reclusão em regime inicial fechado), foi
mesmo um único boné encontrado no Plenário da Câmara, o qual foi
utilizado por pelo menos duas pessoas, já que dele foram extraídos dois
perfis genéticos”.
Em 15 de outubro, Alexandre de Moraes extingui a punição ao patriota devido à sua morte. Kleber Freitas, que respondia pelo inquérito 4921 por ter sido preso no QG de Brasília em 09.01.2023, foi encontrado morto na residência dos pais em Borrazópolis, PR, em 10.05.2024.
O fato aconteceu na casa dos pais e a polícia esteve no local na manhã deste 10 de maio.
Os familiares o encontraram caído e acionaram a Polícia Militar. A morte foi constatada no Hospital Municipal que notificou a Delegacia de Faxinal, conforme informações publicadas pela Rádio Nova Era News. “Como é procedimento padrão em tais situações, a polícia esteve no local para determinar a causa da morte e esclarecer as circunstâncias do ocorrido, e aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) atestando a causa”, informou a rádio local. Kleber era servidor público, atuava como técnico em Radiologia, era casado e pai. Ele se sentia injustiçado e não aceitava a forma como o Estado Brasileiro tratou os manifestantes de 8 de janeiro.
O primeiro preso político a morrer foi Antônio Marques da Silva, operador de máquina de terraplanagem em Barra do Garças, município do Mato Grosso. Morreu por conta de um acidente num “bico” que fazia, que consistia em conserto de um telhado. A queda ocorreu em 29.10.2023.
O segundo a falecer foi Clériston Pereira da Cunha em 20.11.2023 e foi o que mais repercutiu pelo fato dele ter morrido dentro da Penitenciária da Papuda, sendo que já havia manifestações do Ministério Público para que ele saísse em liberdade provisória, o que não foi atendido pelo ministro Alexandre de Moraes. A terceira morte foi de Giovanni Carlos dos Santos, de São José dos Campos, SP, em 24/01/2024, quando caiu durante um serviço temporário (bico) de corte de galhos de uma árvore.
Em 02/03/2024, faleceu o caminhoneiro Eder Parecido Jacinto, que estava com tornozeleira desde que saiu do Presídio Papuda, em agosto do ano passado. Ele tinha o seu próprio caminhão e, ao fazer a manutenção, caiu quebrando o fêmur e machucando a coluna. O fato ocorreu pouco antes do Natal de 2023, conforme relato da filha. Desde então, ele foi atendido inúmeras vezes no Hospital Regional Público do Araguaia, em Redenção, PA, mas os problemas foram se avolumando com o passar das semanas para quadros mais graves, como paralisação dos rins, hemorragia no estômago e complicações do fígado. Ele entrou em coma e faleceu com infecção generalizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário