sábado, 5 de outubro de 2024

Pesquisa da FGV revela que a confiança empresarial recuou em setembro

A Síntese das Sondagens do FGV IBRE de setembro registra algumas calibragens de destaque. No campo da confiança, o índice que agrega o setor empresarial registrou recuo quando comparado ao resultado de agosto, com queda de 0,8 ponto, depois de seis meses consecutivos de alta. Observando o desempenho de cada setor componente do Índice Empresarial, o único que não registrou queda no mês foi o Comércio, com alta de 1,1 ponto. Este, porém, ainda registra o pior desempenho setorial, com resultado de 90,2 pontos no mês.

O maior recuo na margem foi da indústria, com -1,2 ponto. Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE, ressalta que foi a segunda queda em 2024, ano marcado por melhoras significativas na demanda e redução de estoques. Em setembro de 2023, a confiança da indústria estava 10,1 pontos abaixo da atual, com 100,5 pontos. Os segmentos com pior desempenho no mês foram os de bens intermediários (-3,7 pontos em relação a agosto), especialmente em papel e celulose e derivados de petróleo e produtos químicos, e duráveis (-1,6 ponto), com destaque para veículos automotores. Pacini comenta que a alta na taxa de juros básica da economia pode “refletir cautela nas perspectivas dos empresários sobre o ambiente de negócios nos próximos meses”.

Outro setor que parece ter reagido à decisão de política monetária foi o da construção, que interrompeu uma sequência de quatro altas, fechando setembro com recuo de 0,4 ponto. Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE, afirma que a alta da Selic em setembro “e a perspectiva de novas elevações afetaram particularmente as expectativas dos empresários dos segmentos de infraestrutura e edificações residenciais”. Ela lembra que no mercado imobiliário, a preocupação com o encarecimento do crédito está concentrada no mercado de média renda, não devendo atingir o segmento do Minha Casa Minha Vida. A variação negativa na confiança dos empresários da construção se deu apenas no índice de Expectativas, com a avaliação da situação atual se mantendo em terreno positivo. Apesar desse ajuste, as empresas mantêm a sinalização de aumento de demanda por mão de obra nos próximos meses, mantendo o mercado de trabalho aquecido nesse setor.

Índice de Situação Atual - set/24 dados dessazonalizados, em pontos



Índice de Expectativas dados dessazonalizados, em pontos


Fonte: FGV IBRE.

No caso dos serviços, apesar do recuo de 0,8 ponto na margem, Pacini destaca que o desempenho do setor no terceiro trimestre em relação ao mesmo período anterior aponta a estabilidade. Na abertura por segmentos, o terceiro trimestre é marcado por uma forte recuperação dos serviços prestados às famílias, com alta de 4,8 pontos do Índice de Confiança em relação ao trimestre anterior, seguido por “outros serviços”, com 1,5 ponto a mais na mesma comparação. O único segmento com piora de confiança em relação ao segundo trimestre são os serviços de informação e comunicação, com -1,9 ponto.

Se os empresários demonstraram menos otimismo sobretudo quanto à situação futura, no caso dos consumidores, o movimento observado em setembro foi na direção contrária. A percepção dos consumidores sobre a situação atual sofreu revisão para baixo (-0,2 ponto), mas o Índice de Expectativas subiu 0,8 ponto em relação a agosto. Esse resultado garantiu a alta de 0,5 ponto do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), com destaque para uma melhora na disposição para a compra de bens duráveis, como aponta a economista do IBRE Anna Carolina Gouveia. Ela ainda destaca que, em médias móveis trimestrais, a alta do Índice de Confiança do Consumidor foi disseminada entre todas as faixas de renda.

Índices de confiança setoriais em setembro - dessazonalizados, em pontos


Fonte: FGV IBRE.

O Indicador de Incerteza Econômica (IIE-Br) registrou estabilidade em setembro. Já os Barômetros Econômicos Globais fecharam o mês em queda, refletindo a percepção de fraco desempenho da atividade global para 2024, em especial para a região liderada pela China – cujo banco central anunciou recentemente um amplo pacote de estímulos para dinamizar a economia.

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