Em 2003, o então tucano Meirelles assumiu o Banco Central do petista, posição em que se manteve até 2011. O episódio marca algumas das ironias da vida do banqueiro, reunidas agora no livro “Calma sob pressão - O que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda”.
Aos 79 anos, Henrique Meirelles talvez seja um dos maiores conhecedores das entranhas da economia brasileira. Como presidente do Banco Central, ele modernizou a instituição, manteve a inflação sob controle e acumulou reservas internacionais que hoje garantem tranquilidade ao País. Posteriormente, como ministro da Fazenda no governo de Michel Temer, entre 2016 e 2018, Meirelles e sua equipe iniciaram reformas estruturantes, como o Teto de Gastos, a reforma trabalhista e medidas de ajuste fiscal que reverteram a tendência de queda da economia. Mais recentemente, ele atuou na gestão da Fazenda do Estado de São Paulo, e promoveu uma reforma administrativa que liberou verba para gastos em investimentos.
Meirelles é enfático sobre as recentes desconfianças de que a equipe econômica do petista Fernando Haddad esteja “maquiando” dados para atingir a meta do arcabouço fiscal. “Houve uma mudança de classificação ou uma mudança de estrutura do gasto. Isso é algo que o governo precisa tomar cuidado. Pode parecer atraente no curto prazo”, diz Meirelles. “Mas é a pior solução, porque começa a haver uma situação em que a credibilidade dos números fiscais passa a ser questionada. Coisas exatamente desse tipo levaram ao impeachment da ex-presidente Dilma”. Para ele, a situação hoje não é “nada parecida” com a do passado. “Mas houve operações que geraram essa dúvida. Minha sugestão é enfrentar o problema diretamente”, diz.
E traz uma dica para o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que assumirá em janeiro do próximo ano, sucedendo Roberto Campos Neto, o alvo das maiores críticas de Lula em sua terceira gestão. “Meu conselho é ele seguir tecnicamente as decisões, mesmo enfrentando críticas a curto prazo”, afirma: “No médio e longo prazo, com o controle da inflação e o País crescendo mais, vai beneficiar todos, o que tende a reverter todas essas críticas".
No começo do livro, Henrique Meirelles escreve bastante sobre o Brasil dos anos 60 e 70: "Na década de 70, o Brasil cresceu muito baseado em financiamento externo. Quando houve a crise do financiamento externo, substituímos isso por expansão monetária, numa situação em que déficit público era coberto por expansão monetária. Como consequência, tivemos hiperinflação. Foram 15 anos de inflação acima de 100% ao ano, o que já mostra uma diferença muito grande para o que vivemos hoje. Há um banco central equipado com instrumentos para combater a inflação e temos metas de inflação consistentes com as de outros países emergentes. Hoje, temos reservas internacionais acima de 300 bilhões de dólares".
Sobre a década de 80, conhecida como a década perdida, e os anos de 2010 a 2020, com crescimento médio do PIB ainda menor, Henrique Meirelles diz: "O que houve nesse período foi um descontrole fiscal. O governo na época partiu do pressuposto de que não existia limites para a expansão fiscal durante metade da década, quando o Brasil entrou numa crise muito grande com recessão em 2015 e 2016. Antes, a inflação subiu e tinha gerado em 2013 aquelas manifestações de rua. O nível de confiança na economia foi caindo sistematicamente a partir de 2011. Quando houve a substituição do governo de Dilma Rousseff, o presidente Michel Temer me convidou para ser ministro da Fazenda. Quando assumi, o PIB brasileiro havia caído 5,2% nos 12 meses anteriores. Foi uma das maiores quedas de PIB na história recente da humanidade para países que não estavam em guerra. Entramos no governo e, com a aprovação e implementação do Teto de Gastos, o País cresceu de ponta a ponta 2,2% em 2017. Ou seja, tivemos um salto de 7,4 pontos percentuais. Foi uma recuperação fortíssima".
A respeito das gestões do ex-presidiário Lula, ele as divide em duas partes, uma até 2007, com maior controle fiscal, e outra, com maior pressão de gastos, até o final do governo: "Nos primeiros anos do primeiro mandato dele houve um alinhamento muito grande. De um lado, uma disciplina fiscal e de outro lado, a disciplina monetária. As duas convergiram na mesma direção. Isso gerou uma recuperação da economia que estava em crise em 2002, muito pela expectativa da chegada do próprio Lula. Depois, houve uma mudança de direção quando saiu o ministro Antonio Palocci e entrou o ministro Guido Mantega. Isso foi gradual. A parte fiscal ainda estava com certo controle. Mas gradualmente houve uma expansão fiscal. Por outro lado, o Banco Central manteve a disciplina monetária, compensando a situação".
Henrique Meirelles diz que a pressão para a expansão do gasto, com emissões descontroladas, aconteceu no governo da mulher sapiens petista Dilma Rousseff: "A partir de 2011, não só houve uma liberação como a ideia era de que não havia problema fiscal. Ao mesmo tempo, também o Banco Central foi mais leniente. A inflação subiu um pouco e o Banco Central mudou também de orientação, passando a ser mais leniente com a inflação. Aí, passamos a ter exatamente o contrário do que houve em 2003 a 2007, quando houve alinhamento da política monetária e da política fiscal. De 2011 a 2015, foi na linha da expansão do gasto público e de uma leniência do Banco Central em relação ao controle da inflação. Com isso, o País teve resultados decrescentes".
A respeito das gestões do ex-presidiário Lula, ele as divide em duas partes, uma até 2007, com maior controle fiscal, e outra, com maior pressão de gastos, até o final do governo: "Nos primeiros anos do primeiro mandato dele houve um alinhamento muito grande. De um lado, uma disciplina fiscal e de outro lado, a disciplina monetária. As duas convergiram na mesma direção. Isso gerou uma recuperação da economia que estava em crise em 2002, muito pela expectativa da chegada do próprio Lula. Depois, houve uma mudança de direção quando saiu o ministro Antonio Palocci e entrou o ministro Guido Mantega. Isso foi gradual. A parte fiscal ainda estava com certo controle. Mas gradualmente houve uma expansão fiscal. Por outro lado, o Banco Central manteve a disciplina monetária, compensando a situação".
Henrique Meirelles diz que a pressão para a expansão do gasto, com emissões descontroladas, aconteceu no governo da mulher sapiens petista Dilma Rousseff: "A partir de 2011, não só houve uma liberação como a ideia era de que não havia problema fiscal. Ao mesmo tempo, também o Banco Central foi mais leniente. A inflação subiu um pouco e o Banco Central mudou também de orientação, passando a ser mais leniente com a inflação. Aí, passamos a ter exatamente o contrário do que houve em 2003 a 2007, quando houve alinhamento da política monetária e da política fiscal. De 2011 a 2015, foi na linha da expansão do gasto público e de uma leniência do Banco Central em relação ao controle da inflação. Com isso, o País teve resultados decrescentes".
Nenhum comentário:
Postar um comentário