quinta-feira, 23 de março de 2023

Copom mantém juros básicos da economia em 13,75% ao ano

 

Apesar da desaceleração da economia e das pressões de parte do governo, o Banco Central não mexeu nos juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros. A taxa continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a quinta vez seguida em que o Banco Central não mexeu na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

De março a junho de 2021, o Copom elevou a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto do mesmo ano, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o agravamento das tensões no mercado financeiro, a Selic foi elevada em 1,5 ponto de outubro de 2021 até fevereiro de 2022. No ano passado, o Copom promoveu dois aumentos de 1 ponto, em março e maio, e dois aumentos de 0,5 ponto, em junho e agosto.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica, iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador fechou em 5,6% no acumulado de 12 meses . Desde o fim do ano passado, a inflação vem subindo por causa dos alimentos, da reversão parcial das desonerações sobre os combustíveis e de aumentos típicos de início de ano, como gastos com educação e saúde.

O índice fechou o ano passado acima do teto da meta de inflação. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,75% nem ficar abaixo de 1,75% neste ano.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia 2023 em 5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de março.

As previsões do mercado estão menos otimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras e divulgada pelo Banco Central, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,75%. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 5,89%.

A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1% para a economia em 2023. O mercado projeta crescimento menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 0,88% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.

Após o Comitê de Política Monetária (Copom), Banco Central brasileiro, decidir manter a taxa básica da economia (Selic) em 13,75% ao ano, o Brasil se consolidou na liderança no ranking de juros globais elaborado pela Infinity Asset Managment. De acordo com o economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, com a taxa de juros atual, o Brasil reforça a liderança do ranking de juros reais, com a Argentina na lanterna da listagem de 40 países. Descontando a inflação projetada para os próximos 12 meses, a taxa de juros reais brasileira ficou em 6,94%, abaixo dos 7,38% registrados na reunião anterior do Copom, em fevereiro. “O aumento das estimativas de inflação fez com que a taxa de juro real ficasse menor”, destacou. Contudo, ele lembrou que o país continua no primeiro lugar do pódio pela 4ª reunião consecutiva do Copom.
Em segundo lugar do ranking ficou o México novamente, com taxa de juros reais anuais de 6,05%. E, para completar o pódio ficou o Chile, com 4,92% de juros reais ao ano. Os Estados Unidos ficaram em 12º lugar, comm juros reais de 0,36%. A média geral dos 40 países ficou negativa em 1,92% e a Argentina, na lanterna, registrou juro real negativo de 19,61%. “Observou-se uma redução das pressões de inflação global, perdendo força em parte das medidas, dadas as retomadas dos embarques industriais na China, que ajudaram a desinflação – especialmente em emergentes”, destacou Vieira, lembrando que ainda há uma “relativa estabilidade” do conflito entre Rússia e Ucrânia, com redução sobre os preços de energia. “O movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força, com o aumento expressivo no número de bancos centrais sinalizando preocupação com a inflação, mesmo com a queda do preço de commodities. No computo geral, entre 156 países, 61,54% mantiveram os juros, 32,69% elevaram e 5,77% cortaram. 

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