Às 2h30 (horário local) chegou o momento que os militantes do partido de extrema-direita “Irmãos da Itália” esperavam, quando sua líder Giorgia Meloni apareceu no hotel de luxo em Roma que abriga sua sede eleitoral. O festejo aumentou quando ela começou a falar, lembrando os sacrifícios feitos ao longo dos anos, quando o partido passou de um grupo marginal de direita para se tornar a força política mais forte da Itália nas eleições de domingo (25), segundo indicações das urnas. “Para muitos de nós, esta é uma noite de orgulho, redenção, lágrimas, abraços, sonhos e memórias”, disse Meloni a membros do partido e repórteres, diante do controverso logotipo da chama do partido. “Este é um ponto de partida, não uma linha de chegada, a partir de amanhã temos que provar nosso valor”, destacou, emocionada.
Ela pontuou que a imagem representa a evolução da direita italiana, enquanto os críticos avaliam que é um vestígio do antigo “Movimento Social Italiano” (MSI), que usava o mesmo símbolo. O Irmãos da Itália tem suas raízes no pós-fascista MSI, considerado um pária político pelo mainstream do país até ser dissolvido, em meados da década de 1990. Mas isso está no passado. Segundo projeções, Meloni ganhou cerca de 26% dos votos na eleição de domingo, subindo em relação à eleição de 2018, quando conseguiu 4%. O bloco de centro-direita que ela lidera é apontado como vencedor de uma maioria confortável em ambas as casas do Parlamento, abrindo caminho para que ela se torne a primeira mulher primeira-ministra da Itália. “É um sonho”, afirmou Fabio Rampelli, fundador do partido, enquanto abraçava um ativista emocionado que sussurrou para ele a única palavra “finalmente!”.
Marco Marsilio, presidente dos Irmãos da Itália na região central de Abruzzo, observou que esperava por esse momento toda a sua vida: “Há 20 ou 30 anos, isso parecia loucura, esperemos que Deus nos perdoe por essa loucura”. A extrema-direita italiana tem seus redutos históricos no Centro e no Sul da Itália, mas alguns de seus militantes vêm de regiões com tradição de esquerda. Para eles, a vitória é ainda mais especial. Giovanni Donzelli nasceu na Florença de esquerda e ingressou na direita em 1994, quando tinha 19 anos. “No dia seguinte à minha adesão ao movimento universitário de direita… voltei para casa para contar à família. Meu avô socialista e minha mãe de esquerda moderada não reagiram bem. Minha mãe começou a chorar, meu avô engasgou com a comida”, recorda.
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