O sistema de abastecimento de alimentos da Ucrânia está em risco de entrar em colapso devido a invasão da Rússia, com a infraestrutura destruída e lojas e armazéns ficando vazios, disse na sexta-feira, 18, a Organização das Nações Unidas. "A cadeia de abastecimento alimentar do país está desmoronando. Os movimentos de mercadorias desaceleraram devido à insegurança e à relutância dos motoristas", disse Jakob Kern, Coordenador de Emergências do Programa Mundial de Alimentação (PMA). Kern também expressou preocupação com a situação em "cidades cercadas" como Mariupol, dizendo que os suprimentos de comida e água estavam acabando e que seus comboios não conseguiram entrar na cidade. O PMA compra quase metade de seus suprimentos de trigo da Ucrânia e Kern disse que a crise desde a invasão russa em 24 de fevereiro elevou fortemente os preços dos alimentos. "Com os preços globais dos alimentos em alta histórica, o programa também está preocupado com o impacto da crise da Ucrânia na segurança alimentar global, especialmente nos chamados pontos quentes da fome", disse ele, alertando para a "fome colateral" em outros lugares.
A agência está pagando US$ 71 milhões (cerca de R$ 360 milhões) a mais por mês por alimentos este ano devido à inflação e à crise na Ucrânia, disse ele, acrescentando que esse valor cobriria o suprimento de alimentos para 4 milhões de pessoas. "Estamos mudando de fornecedor agora, mas isso tem impacto nos preços", disse ele. "Quanto mais longe você compra, mais caro fica."
A Rússia disparou mísseis em um aeroporto perto de Lviv na sexta-feira, uma cidade onde centenas de milhares encontraram refúgio longe dos campos de batalha da Ucrânia e era, até então, um lugar seguro para fugir da guerra. Pelo menos três explosões foram ouvidas perto do aeroporto. O prefeito, Andriy Sadovy, disse que vários mísseis atingiram uma instalação de manutenção de aeronaves, destruindo prédios, mas sem causar vítimas. A cidade, no oeste da Ucrânia, perto da fronteira polonesa, está a centenas de quilômetros do avanço da Rússia e tem sido um dos principais destinos dos ucranianos forçados a fugir das zonas de batalha.
Os ataques no oeste da Ucrânia têm sido raros desde o início da guerra, e a própria Lviv viu poucos ou nenhum. Mas um ataque aéreo russo no domingo em uma base militar perto da fronteira com a Polônia trouxe preocupações de mais por vir. Pelas regras da Otan, um ataque direto da Rússia à Polônia poderia acionar o artigo de defesa coletiva da aliança, levando as potencias ocidentais para a guerra.
O ataque pode ter sido uma tentativa de atingir as capacidades da força aérea da Ucrânia. De acordo com uma reportagem local de janeiro, a fábrica do aeroporto tinha um contrato para consertar e modificar caças MiG-29 e era "a única empresa na Ucrânia que reforma MiG-29 para a Força Aérea Ucraniana". Mais de três semanas desde que o presidente carniceiro Vladimir Putin lançou uma invasão para subjugar o que ele chama de um estado artificial indigno de nacionalidade, o governo eleito da Ucrânia ainda está de pé e as forças russas não capturaram uma única grande cidade.
Tropas russas sofreram pesadas baixas enquanto explodiam áreas residenciais em escombros, enviando mais de 3 milhões de refugiados para a fuga. Moscou nega que esteja atacando civis no que chama de "operação especial" para desarmar seu vizinho.
"As forças russas fizeram progressos mínimos esta semana", disse o Ministério da Defesa do Reino Unido em uma atualização diária da inteligência militar. "As forças ucranianas em torno de Kiev e Mykolaiv continuam a frustrar as tentativas russas de cercar as cidades. As cidades de Kharkiv, Chernihiv, Sumy e Mariupol continuam cercadas e sujeitas a bombardeios russos pesados". A Rússia vem bombardeando intensamente cidades do leste da Ucrânia, especialmente Chernihiv, Sumy, Kharkiv e Mariupol, um porto do sul sob cerco há três semanas, onde os moradores estão abrigados sem acesso a comida ou água.
Até agora, Kiev foi poupada de um grande ataque, com longas colunas de tropas vindo do noroeste e do leste paradas nos portões em intensos combates. Mas os moradores da capital sofrem ataques noturnos com mísseis mortais. Os destroços de um míssil abriram uma grande cratera no solo no meio de um quarteirão residencial onde também está localizada uma escola no norte de Kiev na sexta-feira, quebrando centenas de janelas e deixando destroços espalhados pelo complexo. Pelo menos uma pessoa morreu, segundo os serviços de emergência. O prefeito de Kiev disse que 19 pessoas ficaram feridas, incluindo quatro crianças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário