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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Cientistas conseguem curar vício em drogas com cirurgia no cérebro

Pesquisadores americanos anunciaram nesta terça-feira (15/2) que conseguiram curar duas pessoas de vícios severos em drogas por meio de cirurgias no cérebro. Os cientistas do Instituto de Neurociência Rockefeller tentaram o tratamento inovador em quatro pessoas: para um dos voluntários, ele não funcionou e, para o outro, ainda está sendo monitorado.

O procedimento é uma estimulação profunda do cérebro, cirurgia que é aprovada nos Estados Unidos para tratar Parkinson, TOC e casos severos de epilepsia. Os médicos implantaram um fio elétrico em uma área do órgão que ajuda a regular a função da dopamina, neurotransmissor que atua no sistema de recompensa e satisfação.

O dispositivo também estimula o córtex frontal, que está ligado à tomada de decisões. As duas regiões são danificadas com o uso de drogas a longo prazo. O fio permite que os cientistas monitorem as funções cerebrais à distância, e pode ser realocado remotamente, caso seja necessário, para evitar recaídas.

Um dos pacientes que participou do estudo, Gerod Buckhalter, de 33 anos, é usuário de drogas desde os 15. Quando era um jogador de basquete promissor, começou a tomar opióides para lidar com as dores de uma grave lesão e nunca mais parou. Depois dos comprimidos, começou a usar heroína.

O americano já era paciente do instituto, mas nunca tinha conseguido largar o vício. O máximo de tempo que ele havia passado longe das drogas tinha sido dois meses.

O ex-atleta contou que estava desesperado e aceitou fazer a cirurgia e participar do estudo imediatamente. Buckhalter estava sedado, mas acordado durante o procedimento, e foi exposto a imagens de drogas para que o fio fosse colocado no local correto. Funcionou. O americano está sóbrio há dois anos e meio. Além da cirurgia, ele toma um remédio, faz terapia, e trabalha em uma clínica de reabilitação.

O procedimento é caro, e a cirurgia ainda é experimental, mas os resultados são promissores. Segundo os cientistas responsáveis pelo estudo, mais de uma dúzia de pacientes devem ser testados nos próximos anos para verificar a eficácia do tratamento.

“Mesmo se não for algo que possa ser usado na prática clínica, pode ser traduzido em métodos mais baratos e menos invasivos. Há uma promessa enorme na neuromodulação“, afirmou a diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, Nora Vulkow. (Metrópoles)

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