quarta-feira, 3 de abril de 2019

Brasil deixa a câmara de compensação de exportações entre países latinos, depois de calote da Venezuela

O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (3) que o Brasil vai abandonar o CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos), instrumento criado nos 1980 para aumentar o intercâmbio comercial entre os países latino-americanos. O grupo é formado pelos países da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), com exceção de Cuba. Pelo CCR, os bancos centrais de Peru, República Dominicana, Venezuela, Uruguai, Argentina, Equador, México, Colômbia, Chile e Bolívia compensam transações comerciais feitas entre os países. Nos últimos anos, porém, o CCR se transformou em uma dor de cabeça para o Banco Central brasileiro e, desde o ano passado, a saída vinha sendo estudada. A Venezuela deu um calote de US$ 567 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões pela cotação atual), deixando a conta para o Banco Central e para o Tesouro Nacional (no caso das operações com seguro de crédito à exportação). Até 2024, o Brasil tem a receber mais US$ 661 milhões da Venezuela pelo CCR. Conta que fica difícil de ser paga dado o atual cenário econômico do país vizinho e as desavenças políticas do presidente Jair Bolsonaro e o ditador genocida comuno-bolivariano Nicolás Maduro. Um dos argumentos do Banco Central para sair do CCR é que o risco do exportador, em caso de calote, acaba recaindo sobre o governo. Mas há outro problema, mais focado na governança do convênio. Qualquer decisão política sobre o funcionamento do CCR demanda consenso de todos os países membros. E a Venezuela vinha inviabilizando qualquer tipo de inovação. O Banco Central afirma que a saída não vai afetar o exportador brasileiro, pois apenas 1,1% das trocas comerciais entre o Brasil e os países da Aladi passaram pelo CCR em 2017. Naquele ano, o Banco Central proibira novas operações com a Venezuela no âmbito do CCR, como resposta ao calote venezuelano. Países do Mercosul já têm outro expediente para trocas comerciais, por meio do sistema de moedas locais. A compensação de exportações já soma US$ 3 bilhões e, neste caso, os bancos centrais não assumem o prejuízo em caso de calote.

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