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sexta-feira, 15 de março de 2019

Procuradoria denuncia Mantega, Joesley, Palocci e Coutinho por rombo de R$ 1,86 bi no BNDES



A Procuradoria da República no Distrito Federal denunciou nesta quinta-feira, o empresário Joesley Batista, os ex-ministros Guido Mantega e Antônio Palocci e o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, todos petistas, e outras sete pessoas pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, prevaricação financeira e lavagem de dinheiro. A acusação foi feita no âmbito da operação Bullish. A Procuradoria ainda vai cobrar, por meio de ação civil pública, um total de R$ 5,5 bilhões dos denunciados, sendo R$ 1,8 bilhão por causa do prejuízo causado ao banco público e outros R$ 3,7 bilhões como reparação aos danos causados. Assinam a denúncia o procurador Ivan Claudio Marx (participou da operação político policial Rodin, no Rio Grande do Sul) e o procurador regional Francisco Guilherme Vollstedt. Deflagrada em maio de 2017, a Operação Bullish mirou irregularidades em aportes de mais de R$ 8 bilhões do banco na empresa do grupo J&F, cujos principais acionistas são os irmãos Wesley e Joesley Batista. Segundo o Ministério Público Federal, para colocar em pé o projeto de internacionalização da JBS “foi articulado um esquema alimentado por propina que garantiu decisões políticas e econômicas tomadas no BNDES em favor daquela que se tornaria a maior produtora de proteína animal do mundo”. De acordo com a denúncia, as irregularidades foram executadas por quatro núcleos. Joesley Batista, representando o núcleo empresarial, solicitou os financiamentos “superavaliados” ao BNDES. O grupo político formado por Palocci, Mantega e Coutinho, por sua vez, teria se beneficiado das vantagens indevidas para liberar os aportes por meio de gestões no banco público. Victor Sandri, apontado como operador de Mantega, seria represente do núcleo intermediário e se encarregava, diz o Ministério Público Federal, de realizar o lobby junto ao banco e receber o dinheiro pago pelos empresários. Na ponta do esquema, explica o Ministério Público Federal, estava o núcleo técnico formado por funcionários do BNDES responsáveis por “justificar” os aportes dentro do banco público. Sobre os pagamentos de vantagens indevidas, o Ministério Público Federal afirma que Victor Sandri foi corrompido por Joesley Batista que tinha interesse em ter acesso ao então ministro Guido Mantega.

Palocci, narra a denúncia, aparece nas fraudes a partir de 2008 e recebeu os pagamentos por meio de sua empresa de consultoria. O contrato firmado entre a empresa e o ministro previa um adiantamento de R$ 500 mil e outros R$ 2 milhões como comissão. “A consultoria tinha o único objetivo de esquentar os recursos pagos ao deputado para exercer pressão sobre o BNDES na operação de apoio do BNDESPar para JBS adquirir a empresa Pilgrim’s”, diz o Ministério Público Federal. O grupo J&F assinou um acordo de leniência com a Procuradoria da República em Brasília. Pelo pacto, a empresa já se comprometeu a pagar cerca de R$ 1,7 bilhão, mas negou ter corrompido funcionários e ter sido beneficiada por decisões internas. Atualmente, o acordo está sendo renegociado e os procuradores envolvidos aguardam o Supremo Tribunal Federal decidir se irá rescindir os acordos de colaboração dos executivos da empresa. Segundo os procuradores da Bullish, os crimes denunciados não foram relatados por Joesley Batista em seu acordo de colaboração premiada.

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