O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, negou nesta sexta-feira (1º) envolvimento nas fraudes envolvendo a organização social Pró-Saúde, cujo conselho diretor é formado por membros da Igreja Católica fluminense. A ciência sobre as fraudes da OS foi mencionada pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB) em depoimento ao juiz Marcelo Bretas. "Não tenho dúvida que deve ter havido esquema de propina com a OS da Igreja Católica, da Pró-Saúde. O dom Orani devia ter interesse nisso, com todo respeito ao dom Orani, mas ele tinha interesse nisso (...) Essa Pró-Saúde com certeza tinha esquema de recursos que envolvia, inclusive, religiosos", afirmou o emedebista na terça-feira (26). "Ao contrário do que insinuou o ex-governador em audiência à Justiça, não houve nenhum tipo de conduta ilícita de minha parte. Jamais utilizei minha posição de Cardeal e Arcebispo para solicitar benefícios em favor de quaisquer instituições", escreveu dom Orani em carta aos sacerdotes do Rio de Janeiro. Os executivos da Pró-Saúde firmaram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal em 2017, e relataram que pagavam propina ao ex-secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, por meio do empresário Miguel Iskin. A OS Pró-Saúde administrou vários hospitais do Estado a partir de 2013, como os Getúlio Vargas, Albert Schuartz, Adão Pereira Nunes e Alberto Torres.
Chamou atenção do Ministério Público Federal o orçamento alcançado pela OS após o seu ingresso no Rio de Janeiro. Os contratos no Estado correspondiam a 50% do faturamento nacional da entidade e alcançaram um crescimento vertiginoso em curso espaço de tempo, saltando de aproximadamente R$ 750 milhões em 2013 para R$ 1,5 bilhão em 2015. As delações dos executivos, que não fazem parte dos quadros da igreja, motivaram a Operação SOS, que prendeu pela segunda vez Côrtes e Iskin. Um dos delatores é Wagner Portugal, um ex-padre que passou a integrar a OS em 2012. Portugal era uma espécie de braço-direito de dom Orani. De acordo com a publicação, o Ministério Público Federal investiga se gastos pessoas de sacerdotes, incluindo dom Orani, foram custeados com dinheiro público repassado por meio dos contratos da OS com a Secretaria de Saúde. Há ainda a suspeita de que dom Orani tenha pressionado Côrtes a liberar recursos para a Pró-Saúde.
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