Delatores da construtora OAS relataram à Procuradoria-Geral da República repasses de cerca de R$ 125 milhões em propina e caixa 2 a um total de 21 políticos de oito partidos distintos entre 2010 e 2014. Entre os nomes citados estão o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, os senadores José Serra (PSDB-SP) e Jaques Wagner (PT-BA), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o ex-governador Sérgio Cabral (MDB-RJ). A delação da empreiteira foi homologada no ano passado pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que manteve o material sob sigilo. Assim como a Odebrecht, a OAS tinha um setor responsável pelo pagamento de propina e elencava os pagamentos a políticos em planilhas. O esquema de corrupção da OAS, segundo relataram oito ex-funcionários que atuavam na Controladoria de Projetos Estruturados, girava em torno do superfaturamento de obras como a transposição do Rio São Francisco, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste e o Porto Maravilha, além da assinatura de contratos com empresas de fachada.
De acordo com o delator Adriano Santana, Rodrigo Maia recebeu caixa 2 para financiar sua campanha à prefeitura do Rio de Janeiro em 2012. O acerto inicial teria sido de R$ 250 mil, mas apenas R$ 50 mil teriam sido pagos. A delação da OAS também mirou os tucanos Aécio Neves e José Serra. Aécio teria recebido R$ 3 milhões em “vantagem indevida” para a campanha presidencial de 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT). O tucano também teria sido beneficiário de um esquema de R$ 1,2 milhão de caixa 2 via contrato fictício de uma empresa de consultoria. O delator Ramilton Junior, por sua vez, teria operacionalizado R$ 1 milhão via caixa 2 para José Serra, que teria sido pago ao ex-deputado Márcio Fortes. Um outro delator, Mateus Coutinho, informou esquema de propina em torno da obra do Rodoanel Sul durante a época em José Serra governou o Estado de São Paulo. Contra o ministro Vital do Rego, pesam acusações de propina de R$ 3 milhões para a campanha eleitoral de 2014 como blindagem em uma CPMI da Petrobrás. Os delatores da OAS também levantaram novas acusações contra figuras do MDB, como Eduardo Cunha, Edison Lobão e Sérgio Cabral, acusados de receber propina de R$ 29,6 milhões, R$ 2,1 milhões e caixa 2 de R$ 10 milhões, respectivamente.
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