sexta-feira, 1 de março de 2019

Bolsonaro desagradou militares ao dar recepção típica de chefe de Estado a Juan Guaidó


O presidente Jair Bolsonaro concedeu ao líder opositor Juan Guaidó um tratamento parecido ao dado a chefes de Estado que realizam visitas oficiais ao país, o que não agradou militares do Palácio do Planalto. Para setores da cúpula fardada do novo governo, o encontro de Bolsonaro com Guaidó deveria ter sido um evento discreto, como planejado inicialmente, concentrando as atividades públicas no Palácio do Itamaraty. Para não criar uma saia justa diplomática, a ideia era que o venezuelano, em sua passagem pela sede administrativa da Presidência da República, entrasse e saísse pela entrada privativa, não fizesse pronunciamento e não concedesse entrevista à imprensa brasileira dentro do edifício. A sua aparição pública ocorreria na sede do ministério das Relações Exteriores, com o chanceler Ernesto Araújo e sem a presença de Bolsonaro. De última hora, contudo, o presidente mudou o plano da visita, concentrando as atividades de Guaidó no Planalto, onde ele discursou ao lado do mandatário brasileiro e falou com veículos de comunicação. Para militares do governo, um encontro discreto de Bolsonaro com Guaidó seria o mais adequado diante da situação delicada entre Brasil e Venezuela. O receio é que a recepção calorosa possa parecer uma afronta ao ditador Nicolás Maduro, prejudicando a atuação do governo brasileiro para esfriar a tensão entre os dois países.

O diagnóstico é o de que, em tempos de conflito, o recomendável seria o presidente manter silêncio e não aparecer publicamente ao lado do venezuelano. Para um militar, Bolsonaro poderia ter feito menos elogios a Guaidó. No discurso, o brasileiro chamou o venezuelano de "irmão". A fronteira entre Brasil e Venezuela está fechada desde 21 de fevereiro. O Brasil reconheceu Guaidó como presidente da Venezuela em 23 de janeiro, quando ele se autoproclamou mandatário interino do país vizinho. Apesar do gesto do líder opositor, Maduro continua controlando o território e o exército venezuelanos. Na quarta-feira (27), o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse que a audiência de Bolsonaro com Guaidó seria uma visita de caráter pessoal. A parte oficial da recepção a Guaidó, segundo Rêgo Barros, seria reservada ao Ministério das Relações Exteriores. O que a princípio seria uma visita pessoal, contudo, ganhou ao longo do dia pompas de recepção dada a autoridades estrangeiras. O venezuelano fez, ao lado do brasileiro, um pronunciamento no salão leste do Palácio do Planalto, cerimônia normalmente reservada para visitas oficiais de presidentes estrangeiros em pleno exercício do cargo. O Ministério das Relações Exteriores colocou à disposição do autoproclamado presidente da Venezuela a estrutura que normalmente oferece aos mandatários estrangeiros que realizam visitas oficiais a Brasília.

Foram disponibilizados a Guaidó dois veículos blindados da Polícia Federal, além de seguranças da corporação. Também foi oferecida a ele uma suíte em um hotel de luxo na capital, onde ele se hospedou depois de chegar da Colômbia na madrugada desta quinta. Os deslocamentos de Guaidó por Brasília foram acompanhados por batedores oficiais. Como a ideia era promover um encontro de caráter pessoal, a reunião de Bolsonaro com Guaidó esteve fora da agenda oficial do presidente durante toda a manhã. Com a mudança no planejamento, ela foi incorporada no meio da tarde.

Bolsonaro está certo, e esses militares no Palácio do Planalto estão completamente errados. Aliás, já dizia Bismarck, assuntos da política e da guerra são sérios demais para serem deixados para militares. Apoiar Guaidó e as oposições na Venezuela é uma tarefa que precisa sem encampada com toda energia e publicização. Derrotar o Foro de São Paulo é uma missão indispensável. A derrubada do regime genocida comuno-bolivariano na Venezuela, com a liderança firme do Brasil nesse processo, vai ajudar a consolidar o novo papel do País no continente sul e centro-americano de orientação liberal e conservadora, contra todas as tentações populistas que condenam este sub-continente eternamente à pobreza e miséria. Chega de atraso. Bolsonaro está certo. 

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