sábado, 29 de dezembro de 2018

UM CASO DE QUEIMA DE ARQUIVO EM ESTÂNCIA VELHA, A MORTE DO EX-PREFEITO PETISTA ELIVIR DESIAM?


Não se completaram 24 horas das mortes da mulher e do ex-prefeito petista de Estância Velha, Elivir Desiam, vulgo "Toco", e já estão dando por consolidadas as versões que emanaram diretamente de sua ex-mulher, a de estrangulamento da mulher seguido de suicídio de Toco nas águas de Imbé, no litoral norte gaúcho. Ou seja, tudo é aceito como verossímel, e isso praticamente dispensa realização de inquérito pelo delegado Luis Fernando Oliveira, de Estância Velha. Ele é o mesmo delegado do insolúvel caso "chupa cabra", em que apareceu morta uma pessoa na cidade sem os olhos. É também o mesmo delegado que, quando o jornalista Mauri Martinelli sofreu um atentado a tiros (recebeu sete tiros), decretou quase imediatamente que a tentativa tinha sido resultado de um caso passional homossexual. Agora volta a mesmo versão de caso passional.

O delegado Luis Fernando Oliveira deveria ser previamente afastado da investigação deste caso. A morte de Elivir Desiam precisa ser investigada com maior profundidade. Ele seria testemunha no juri dos mandantes do assassinato de João Valdir de Godoy, ex-vereador do MDB, e do jornalista Mauri Martinelli, ambos oposicionistas, em 2006, quando o PT local, partido de Desiam, contratou o pistoleiro Alecsandro Ribeiro para eliminá-los. A participação do PT na contratação do pistoleiro se deu pela presença na reunião do presidente local do PT na época, o então vereador Luis Carlos Soares, o Viramato, junto com Jaime Schnaider, dono do jornal O Semanário, e ex-secretário municipal de Planejamento na gestão de Elivir Desiam; Jauri de Oliveira (laranja de Schneider na direção do jornal para receber gordas verbas publicitárias da prefeitura) e Claci Campos. A reunião foi feita na casa onde Claci viva pensionada. Ali compareceu o pistoleiro Alexsandro Ribeiro, e é onde ele recebeu a pistola austríaca Glock para praticar os atentados. O delegado Luiz Fernando Oliveira só denunciou o pistoleiro Alexsandro Ribeiro porque a vítima, Mauri Martinelli, entregou a ele o endereço onde vivia o bandido. Ele estava em uma casa alugada justamente em nome do "laranja" de Jaime Schneider. E nessa casa foi encontrada a pistola Glock usada no atentado. Mas, depois disso, o delegado se negou a fazer qualquer ato de investigação do mando do crime.

O caso só foi desvendado porque as vítimas, Mauri Martinelli e João Valdir de Godoy, procuraram em Porto Alegre o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, e foram com ele até o chefe da Polícia Civil gaúcha, para relatar os fatos. O chefe de Polícia mandou o DEIC investigar secretamente o caso. O DEIC desvendou toda a trama do mando do crime, com provas eloquentes, e enviou o inquérito pronto para o delegado Luis Fernando Oliveira assinar e enviar para a Justiça. O inquérito terminou nas mãos do promotor de Portão, Marcelo Tubino, que promoveu a denúncia dos mandantes. Juiz e promotor de Estância Velha (Luis Philomena e Paulo Vieira) não podiam atuar no caso porque eram amigos íntimos de Elivir Desiam e de Jaime Schnaider (juiz, prefeito e delegado faziam parte da mesma loja maçônica em Estância Velha). Agora, Elivir Desiam deveria ser ouvido como testemunha no juri dos mandantes do crime. Quem sabe o que Elivir Desiam diria nesse juri, que já foi adiado duas vezes, porque a Defensoria Pública do Estado, um órgão com tremendo viés petista, se nega a indicar defensor público para os réus do processo? O caso todo tem componentes muito grandes para que seja rapidamente encerrado em um inquérito com a conclusão simplória de passionalidade. 

Há fortes componentes no caso indicando para a possibilidade de queima de arquivo, de eliminação física do prefeito e de sua mulher, com teatralizações das cenas de mortes, para indicar um suicídio. É importante, é decisivo, é fundamental, levar em conta que esse é um caso único no País de ordem emanada do PT para a eliminação física (assassinatos, encomendados) de adversários políticos. Nem no emblemático caso do assassinado prefeito de Santo André isso ficou tão claro. O contratante petista do assassinato, ex-vereador Luis Carlos Soares, o Viramato, na época presidente do PT em Estância Velha, que foi prestigiado pelo governo gaúcho do peremptório petista Tarso Genro, a ponto de ser nomeado para a direção da importante 1ª Coordenadoria Estadual de Saúde (que reúne 51 municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre), hoje está convenientemente morando em Fortaleza, onde se tornou pai de santo. Convenientemente, também, o Estado é comandado pelo PT. Só não vê as conexões quem não quer. E tem mais, a ex-mulher de Elivir Desiam, a que diz agora ter ouvido a confissão do assassinato da boca de Elivir Desiam, é amiga de muito tempo de Jaime Schnaider, fato público e notório em Estância Velha. É preciso enfatizar novamente: o delegado Luis Fernando Oliveira não pode presidir esse inquérito, esse caso não pode ser investigado pela delegacia de Polícia Civil de Estância Velha, o secretário de Segurança Pública que vai assumir na próxima quarta-feira, delegado Ranolfo Vieira Filho, tem que ordenar à próxima chefe de Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, que comande pessoalmente a investigação do caso. Os dois têm uma história profissional que precisa ser preservada. E o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul deveria tomar uma providência urgente para a realização do juri dos mandantes de assassinato contratado em 2006. Já se passaram 12 anos do atentado. E já se passaram nove anos desde que foi para a Justiça, para ir a juri popular, o julgamento dos bandidos que contrataram as mortes de adversários políticos do PT.

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