sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Procuradoria da República aponta que propina da empreiteira corrupta Odebrecht para Romero Jucá e Renan Calheiros saiu da conta "botox"



Propinas supostamente pagas ao senadores Romero Jucá (MDB-RR) e Renan Calheiros (MDB-AL) e ao ex-senador Gim Argello (PTB/DF) no esquema da "Guerra dos Portos" saíram de contas alojadas em paraísos fiscais e transitaram pela "conta botox", acusa a Procuradoria-Geral da República em pedido de busca e apreensão apresentado ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo. Segundo a Procuradoria Geral da República, os pagamentos foram uma contrapartida aos senadores após a aprovação de uma resolução que eliminava incentivos fiscais de produtos importados para supostamente restabelecer a competitividade dos nacionais, medida aprovada para favorecer a Braskem, empresa controlada pela muito corrupto e propineira empreiteira baiana Odebrecht. O episódio conhecido como "Guerra dos Portos" pode ter rendido R$ 5 milhões aos três parlamentares. As propinas “tiveram origem em contas sediadas em paraísos fiscais, de modo que, no caso dos autos, transitaram pela ‘conta botox’, vinculada a Adolpho Mello, dono do Trendbank”, afirma a Procuradoria. No pedido apresentado a Fachin, a Procuradoria Geral da República diz que R$ 3 milhões foram pagos a Romero Jucá em três parcelas de R$ 1 milhão nos dias 17 e 24 de maio e 20 de junho de 2012. Renan Calheiros, por sua vez, recebeu R$ 1 milhão no dia 31 de maio daquele ano. Gim Argello foi contemplado com outro R$ 1 milhão, valor repassado em 10 de maio do mesmo ano. A investigação indica que o dinheiro foi entregue a intermediários – inclusive doleiros – dos políticos, que foram os alvos da Operação Armistício, deflagrada nesta quinta-feira, 8, em São Paulo, Santos e Campo Limpo Paulista. 

A acusação é baseada em delações premiadas de executivos da Odebrecht e informações coletadas nos sistemas de propinas Mywebday e Drousys da empreiteira. A Procuradoria sustenta que além de Adolpho Mello, a conta também era operada por Ascendino Madureira Garcia e Rosângela Benetton, do Trendbank. Os três, diz a Procuradoria Geral da República, mantinham contatos com funcionários e executivos da empreiteira. Ao autorizar a deflagração da Operação Armistício, Fachin assinalou. “O conjunto de informações trazido à tona revela um quadro de singular gravidade, com o envolvimento de autoridades de Estado que estariam, em tese, associadas a delitos de operação sofisticada, como os de lavagem de dinheiro e de corrupção ativa e passiva".

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