sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Deputado do Rio de Janeiro nomeou amante para cargo em comissão


A investigação da Operação Furna da Onça aponta que o deputado estadual Marcos Abrahão (Avante) nomeou sua amante para um cargo de comissão na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. O parlamentar e outros nove deputados estaduais foram presos nesta quinta-feira, 8, por envolvimento no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual. “Descobriu-se, ainda, a partir da interceptação telefônica, que Marcos Abrahão nomeou sua amante para exercer cargo em comissão na Faetec, como coordenadora de unidade”, apontou o Ministério Público Federal. Os dez deputados são investigados por uso da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro a serviço do esquema atribuído ao ex-governador do Estado, Sérgio Cabral (MDB). Segundo o Ministério Público Federal, os parlamentares recebiam propina mensal (‘mensalinho’) durante o segundo mandato do emedebista (2011-14). A Furna da Onça aponta que a propina resultava do sobrepreço de contratos estaduais e federais. A investigação identificou que Marcos Abrahão tem influência no Detran-RJ por meio de Leonardo Mendonça de Andrade, seu assessor. A operação vê indícios ainda de ‘indicação de funcionário fantasma para a Secretaria Estadual de Educação e para a Secretaria Estadual de Saúde, ambas do Rio de Janeiro’.

Além de Marcos Abrahão foram presos os deputados André Correa (DEM), Edson Albertassi (MDB, nova ordem de prisão, mas já estava custodiado em Bangu), Chiquinho da Mangueira (PSC), Coronel Jairo (MDB), Jorge Picciani (MDB, nova prisão, continuando em domiciliar), Luiz Martins (PDT), Marcelo Simão (PP), Marcus Vinícius “Neskau” (PTB) e Paulo Melo (MDB, nova prisão, mas já estava custodiado em Bangu). O secretário de Governo, Affonso Monnerat, foi preso pela Polícia Federal. O presidente do Detran/RJ, Leonardo Silva Jacob, e seu antecessor Vinícius Farah, recém-eleito deputado federal pelo MDB, ainda não foram localizados. Também foram presos seis assessores da Assembleia: Alcione Chaffin Andrade Fabri (ligada a Marcos Abrahão), Daniel Marcos Barbiratto de Almeida (ligado a Luiz Martins), Jorge Luis de Oliveira Fernandes (ligado ao Coronel Jairo), José Antonio Wermelinger Machado (ligado a André Correa), Leonardo Mendonça Andrade (ligado a Marcos Abrahão) e Magno Cezar Motta (ligado a Paulo Melo). A Polícia Federal capturou ainda a diretora de Registros do Detran, Carla Adriana Pereira, a atual subsecretária na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social, Shirlei Aparecida Martins da Silva (ligada a Edson Albertassi), e Jennifer Souza da Silva (ligada a Paulo Melo). A Furna da Onça é um desdobramento da Operação Cadeia Velha – deflagrada em novembro de 2017.

O nome Furna da Onça faz referência a uma sala ao lado do plenário da Assembléia, onde deputados se reúnem para ter conversas reservadas, destinada às combinações secretas que resultam em decisões individuais antes das votações, momento conhecido como a hora da “onça beber água”.

“Mensalinhos” e “prêmios” pagos na Alerj, segundo o Ministério Público Federal

– André Correa (DEM): R$ 100 mil/mês
– Edson Albertassi (MDB): R$ 80 mil/mês + R$ 1 milhão
– Chiquinho da Mangueira (PSC): mais de R$ 3 milhões
– Coronel Jairo (SD): R$ 50 mil/mês + prêmio
– Jorge Picciani (MDB): R$ 400 mil/mês + prêmio
– Luiz Martins (PDT): R$ 80 mil/mês + R$ 1,2 milhão
– Marcelo Simão (PP): R$ 20 mil/mês
– Marcos Abrahão (Avante): R$ 80 mil/mês + R$ 1,5 milhão
– Marcus Vinicius “Neskau” (PTB): R$ 50 mil/mês
– Paulo Melo (MDB): R$ 900 mil/mês + prêmio

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