A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira, 19, a Operação Democracia e prendeu o presidente do Instituto de Terras do Acre (Iteracre), Glenilson Araújo Figueiredo, o Nil Figueiredo, e servidores do órgão. A investigação mira crimes eleitorais de compra de votos, transporte irregular de eleitores, uso ilegal de instalações públicas para fins eleitorais, peculato e associação criminosa. Nil Figueiredo candidatou-se a deputado estadual pelo PT, nas eleições 2018, recebeu 2.161 votos ou 0,51% e não se elegeu. O último candidato a entrar na Assembleia Legislativa do Acre levou 8.253 votos ou 1,95%. O Iteracre é o órgão responsável pela política fundiária no Acre. O delegado federal Eduardo Maneta, chefe da delegacia de Defesa Institucional, que comandou a apuração, afirmou que o inquérito identificou desvios de recursos públicos no instituto durante a gestão de Nil Figueiredo – que havia deixado o Instituto para concorrer à Assembleia, mas voltou ao cargo após ter pedido a eleição.
O esquema, segundo a Polícia Federal, tinha como objetivo conseguir apoio eleitoral para a campanha do diretor-presidente do Iteracre e envolvia o pagamento de diárias a servidores para custeio de viagens que não eram realizadas. A PF constatou que durante o atual período eleitoral diversas instalações públicas, inclusive uma escola, e vários veículos oficiais do Iteracre foram utilizados para beneficiar a campanha eleitoral do responsável pelo Instituto, que foi candidato a deputado estadual. “Esse desvio de recursos públicos, que envolvia inclusive recursos públicos federais, foi um esquema em que ocorria pagamento indevido de diária a servidores públicos do Iteracre de maneira indevida, de maneira ilegal. Pagava-se diárias a esses servidores como se eles estivessem em viagens a missão do órgão quando, na verdade, não estavam. Isso foi feito em troca de apoio político para a candidatura a deputado estadual de Nil Figueiredo nas eleições de 2018”, afirmou. “Aprofundamos as investigações e ao acompanhar esse esquema de desvio de recursos públicos constatamos diversos outros crimes, como utilização de dependências públicas e veículos oficiais, inclusive do Iteracre, para a campanha do candidato a deputado de Nil Figueiredo nas eleições 2018. O que configura crime eleitoral, previsto no artigo 346 do Código Eleitoral".
A Polícia Federal foi às ruas cumprir oito mandados de prisão, 22 de busca e apreensão e quatro de condução coercitiva de testemunhas, expedidos pela Justiça Eleitoral do Acre. Cerca de 100 policiais federais participaram da operação. Eduardo Maneta contou que a Polícia Federal identificou que o esquema era formado "por diversos servidores públicos efetivos e ocupantes de cargo em comissão do Iteracre". Segundo o delegado, o grupo desviava combustível do instituto para a campanha de Nil Figueiredo e abastecia "veículos particulares e outros". “Nós chegamos a identificar um esconderijo que ficava na casa da mãe de uma servidora pública do Iteracre em que existia um reservatório com capacidade aproximada de mil litros em que esse combustível desviado do órgão ficava armazenado e eram utilizados galões e mangueiras para fazer o abastecimento dos veículos de particulares que apoiavam a campanha do candidato Nil Figueiredo”, declarou. “Constatamos que o gasto de combustível do Iteracre, somente no mês de setembro de 2018 até o dia 7, no primeiro turno das eleições deste ano, foi superior a todo gasto de combustível do órgão no ano de 2017. Comprovando os indícios que nós tínhamos de que o combustível estava sendo desviado para utilização na campanha".
O delegado narrou ainda que ‘na véspera’ da eleições, Nil Figueiredo e seus cabos eleitorais "estavam comprando votos de eleitores". De acordo com Eduardo Maneta, a Polícia Federal também identificou "o crime de transporte ilegal de eleitores no próprio dia das eleições". “Diversos servidores públicos do Iteracre que era cabos eleitorais do Nil fizeram diversos transportes ilegais de eleitores com intuito de que essas pessoas votassem em Nil Figueiredo no primeiro turno”, contou.
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