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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

BRF tenta fazer acordo de leniência em investigações da Operação Carne Fraca

Dona das marcas Sadia e Perdigão, a BRF iniciou tratativas para um acordo de leniência com o Ministério Público Federal e o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU).  As negociações envolvem crimes investigados na Operação Carne Fraca, deflagrada no ano passado pela Polícia Federal, que apontou pagamento de propinas a servidores do Ministério da Agricultura por alguns dos maiores frigoríficos do País, em troca de facilidades diversas.

Dezenas de investigados, entre eles funcionários públicos e executivos das empresas, incluindo a BRF, foram indiciados por corrupção, crimes contra a ordem econômica e falsificação de produtos alimentícios, entre outros crimes. A operação teve forte impacto sobre o setor, afetando em alguns momentos as exportações brasileiras, em razão de suspeitas sobre a eficiência do controle sanitário dos produtos. A leniência permite que empresas envolvidas em esquemas ilícitos se livrem de multas e da declaração de inidoneidade, sanção que impede a participação em licitações abertas pelo governo federal e a obtenção de crédito em bancos públicos. Em troca, elas têm de colaborar com as investigações, revelar fatos novos, desconhecidos pelas autoridades, e ressarcir integralmente os eventuais danos causados ao erário.

As comissões para tratar do acordo com representantes da BRF estão sendo formadas. A concessão dos benefícios dependerá do sucesso dessas conversas. No caso da Lava Jato, o entendimento com algumas empreiteiras levou anos para se concretizar. A proposta da BRF é a de detalhar os principais esquemas citados em relatórios da Polícia Federal, entre eles o pagamento de propinas a fiscais da Agricultura para facilitar o licenciamento de frigoríficos e para conseguir a edição de normas que facilitassem suas exportações. Em março deste ano, outra frente de investigação da Carne Fraca, denominada Operação Trapaça, apurou fraudes em análises laboratoriais dos produtos comercializados e a apresentação de dados falsos ao Ministério da Agricultura. Na última segunda-feira (15), a Polícia Federal indiciou 41 pessoas por participar desse esquema, entre elas o empresário Abilio Diniz, acionista e ex-presidente do Conselho de Administração da BRF, e o ex-diretor-presidente do grupo, Pedro de Andrade Faria. Eles são suspeitos de cometer crimes contra a saúde pública, estelionato, falsidade ideológica e organização criminosa.

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