sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Começa a disputa mais acirrada pela direção do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul, oposição aponta fraude da chapa do eterno presidente Paulo Argolo Mendes

Caixas com votos sendo embarcados para despacho aos eleitores pelos Correios
Começou nesta quinta-feira, 13, o processo eleitoral para a sucessão no Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers). A entidade é dominada há 20 anos pelo mesmo presidente, Paulo Argolo Mendes, uma “ampliação” do PCdoB, cuja mulher é filiada a esse partido e tem dois filhos formados em Medicina em Cuba. O processo eleitoral se estenderá até o dia 5 de novembro. Estão aptos a votar todos os médicos sindicalizados e em dia com a tesouraria. O colégio eleitoral é formado por mais de 14 mil médicos atuantes no Rio Grande do Sul. Na última disputa, sem concorrente, o imperador do Simers, dono de verdadeira capitania hereditária sindical, foi simplesmente aclamado. Ou seja, não houve eleição. A “aclamação” está prevista tão somente em uma resolução, emitida pelo presidente, nomeando a comissão eleitoral, a qual se encarrega de redigir o regulamento da própria eleição. E foi então neste “regulamento”, uma simples resolução sem poder legal, que ficou estabelecida a “aclamação” para Paulo Argolo Mendes se perpetuar na direção do Simers. 

Desta vez, apesar da “instrumentalização” do sindicato pelos comunistas, a oposição se reuniu dentro do prazo legal e constituiu uma chapa, a de número 2, que já foi homologada, e entrou em campanha. Pela primeira vez, Paulo Argolo Mendes enfrenta um movimento adversário poderoso e bem articulado, que pretende removê-lo da direção do sindicato, acabando com a utilização do aparelho por partidos de ideologia comunista. Isso se insere em uma linha de renovação de práticas que está sendo observada no País inteiro, inclusive no próprio Rio Grande do Sul, na área médica, onde já se verificou a mudança de orientação no Conselho Regional de Medicina, com a derrota da situação que dominava a entidade há mais de 30 anos. 

Na quarta-feira, fiscais das duas chapas passaram o dia na sede do Simers, na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, rubricando as cédulas e os envelopes nos quais foram despachadas, já nesta quinta-feira, as correspondências para os filiados em todo o Estado, para o começo da votação por meio dos Correios. O processo eleitoral prevê duas formas para votar: 1) por voto enviado pelos Correios, para todos os filiados; 2) voto presencial, em urna especial, na sede do Simers, no dia 5 de novembro. No dia 9 de novembro, fiscais das duas chapas buscarão nos Correios os votos recebidos por aquele meio. 

O processo eleitoral no Simers começa com fortes impugnações levantadas pela chapa de oposição, a de número 2, liderada pelo médico Marcelo Matias. Já houve uma primeira impugnação, com decisão judicial, que não foi atendida. Na quarta-feira, durante o processo da autenticação das cédulas, a oposição protocolou em ata da Comissão Eleitoral, uma nova denúncia e forte protesto. O protesto foi contra “propaganda fraudulenta” da Chapa 1, de Paulo Argolo Mendes, ao apresentar uma lista com 50 nomes de médicos apresentados como possíveis futuros membros do Conselho de Representantes. Ocorre que este Conselho de Representantes não existe no Estatuto do Simers como representação eletiva. Ou seja, não é eleito. Se não é eleito, não pode fazer parte do material de campanha eleitoral. Dispõe o Estatuto do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul em seu Art. 48, parágrafo 2º: “O Conselho de Representantes não é composto de cargos de natureza eletiva, sendo expressamente vedado a comissão eleitoral estabelecer ou dispor quaisquer exigências a respeito do órgão”. Apesar disso, o presidente da Comissão Eleitoral, médico Luiz Carlos Illafonte Coronel (designado para presidente da referida comissão pelo chefe de capitania hereditária Paulo Argolo Mendes, pelo menos nas últimas quatro eleições), secundado pelas argumentações aos gritos da médica comunista Maria Rita de Assis Brasil (filiada ao PSOL), rejeitou os protestos da oposição, sob alegação de que os membros da Chapa 2 também poderiam ter apresentado em seu material de campanha um “conselho de representantes “fake”. A oposição argumenta que isso é uma fraude eleitoral, promovida com recursos do sindicato, iludindo e enganando médicos para angariar apoio.

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