A Itália disse nesta segunda-feira (13) que não dará abrigo para as 141 pessoas resgatadas pelo navio humanitário Aquarius no litoral da Líbia na semana passada, pedindo que o Reino Unido ou outros membros da União Europeia os recebam. O navio Aquarius, operado pelas instituições de caridade SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteira (MSF), recolheu os imigrantes em duas operações separadas e atualmente está em águas internacionais entre a Itália e Malta. "Propriedade alemã, fretada por ONGs francesas, tripulação estrangeira, em águas maltesas, que exibem a bandeira de Gibraltar. Ele (navio) pode ir para onde quiser, não para a Itália!", disse nesta segunda-feira o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini. "Impeçam os traficantes de pessoas e seus cúmplices, #portosfechados e #coraçõesabertos", acrescentou Salvini. O ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, que supervisiona os portos e a Guarda Costeira, disse que, como o navio tem bandeira de Gibraltar, o território britânico ultramarino deveria se responsabilizar. "A esta altura, o Reino Unido deveria assumir sua responsabilidade pela salvaguarda dos náufragos", disse Toninelli no Twitter.
O centro de coordenação de resgates de Malta informou ao Aquarius no sábado que não o receberá, de acordo com o diário de bordo online do navio. O porta-voz do governo maltês não estava disponível para comentar de imediato nesta segunda-feira. Em junho, depois que o novo governo italiano tomou posse, Salvini fechou seus portos a todos os navios humanitários, classificando-os como "serviço de táxi" e os acusando de ajudar traficantes de pessoas. As entidades humanitárias negam as acusações. Naquele mês o navio "Aquarius" salvou 630 migrantes, também perto do litoral líbio. Na ocasião Salvini e autoridades maltesas negaram-se a autorizar seu desembarque. O destino final acabou sendo o porto espanhol de Valencia. Devido à pressão de Itália e Malta, a maioria dos navios humanitários não está mais patrulhando o litoral da Líbia. Mais de 650 mil imigrantes já chegaram às praias italianas desde 2014.
Embora as partidas da Líbia tenham diminuído drasticamente neste ano, os traficantes de pessoas ainda estão lançando barcos ao mar, e estima-se que 720 pessoas morreram em junho e julho, quando a maioria dos navios humanitários estava ausente, avalia a Anistia Internacional.
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