sábado, 30 de junho de 2018

Trump diz que planeja nomear indicado à Suprema Corte em 9 de julho

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira, 29, que planeja anunciar seu indicado para uma vaga na Suprema Corte dos Estados Unidos em 9 de julho e tem cinco finalistas, incluindo duas mulheres. Falando a repórteres a bordo do Air Force One a caminho de seu clube privado de golfe em New Jersey, Trump disse que pode entrevistar dois concorrentes à indicação neste fim de semana. O juiz da Suprema Corte, Anthony Kennedy, anunciou esta semana que se aposentará e cabe agora ao presidente indicar um nome para vaga. O próximo juiz precisará passar, primeiro, pela aprovação do Senado americano, onde o Partido Republicano tem maioria - 51 de 100 cadeiras.

Ativistas estão preocupados de que a substituição coloque em risco o direito universal ao aborto nos EUA, já que Trump pode substituí-lo por um conservador contrário à decisão que descriminalizou a interrupção voluntária da gravidez em 1973. Os juízes da Suprema Corte, guardiões da Constituição, são nomeados pelo presidente e confirmados pelo Senado para um cargo vitalício, que pode ser voluntariamente interrompido, como no caso de Kennedy. As suas decisões abarcam temas fundamentais da sociedade como o casamento homossexual, a discriminação racial e as polêmicas eleitorais. Anthony Kennedy foi nomeado pelo republicano Ronald Reagan, mas foi considerado moderado em temas como o aborto. O presidente Trump já nomeou outro magistrado conservador, Neil Gorsuch, inclinando a balança ideológica da Suprema Corte para a direita.

A senadora de esquerda Elizabeth Warren indicou que a nomeação do novo juiz será "a batalha de nossas vidas" e determinará o futuro da sociedade americana por décadas. Do outro lado, Lila Rose, ativista contra o aborto, antecipou "o fim da horrível e imoral decisão de 1973". De acordo com o instituto Pew Research, 57% dos americanos são a favor da interrupção voluntária da gravidez, enquanto 40% - entre evangélicos, mórmons e outros conservadores - são contra. Muitos deles votaram em Trump, com Mike Pence de vice-presidente, por sua postura "pró-vida". Antes da saída de Kennedy, os "pró-escolha" já haviam sofrido outra derrota. Em uma votação de 5-4, o tribunal decidiu contra uma lei da Califórnia que impunha aos centros antiaborto o dever de informar a suas clientes grávidas da possibilidade de uma interrupção em outro local.

A tendência da nova Corte a favor dos argumentos da direita religiosa e contra os direitos das mulheres e das minorias sexuais foi igualmente notada no caso que decidiu a favor de um confeiteiro cristão que se negou a fazer o bolo de casamento de um casal homossexual. Também há o exemplo de farmacêuticos que se recusam a vender comprimidos contraceptivos ou abortivos, argumentando que vai contra as suas convicções cristãs. As leis locais que restringem o aborto aumentaram em Estados republicanos nos últimos anos, a ponto de Jennifer Dalven, da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), falar de "desertos abortivos", sem clínicas disponíveis no centro e sul do país. 

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