O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República e arquivou o inquérito que investigava o deputado federal Onyx Lorenzoni, acusado de receber R$ 175 mil via caixa 2 para sua campanha de 2006. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia requerido o arquivamento do inquérito justificando que as diligências realizadas não foram suficientes para comprovar o suposto crime. Em sua manifestação, Raquel Dodge escreveu que o executivo Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, um dos delatores da Odebrecht, "não obstante afirmar a doação eleitoral não contabilizada ao deputado na campanha de 2006", afirmou que não operacionalizou a entrega do valor, nem sabe declinar quem o tenha feito, a forma, o local e a data da suposta doação. “Dentro dessas premissas, não há prova, por ora, que tenha havido declaração falsa para fins eleitorais e se esgotaram os meios destinados elucidar os fatos”, escreveu Raquel Dodge.
Na planilha ‘Drousys’ – programa de controle dos desembolsos ilícitos do grupo -, o parlamentar é identificado pela alcunha ‘Inimigo’. Onyx Lorenzoni foi o relator na Câmara dos Deputados do mais importante projeto da história do Ministério Público Federal, o Dez Medidas de Combate à Corrupção, projeto que nasceu da Operação Lava Jato. À Procuradoria da República em Campinas, Alexandrino relatou que em sua atividade à frente da Braskem, braço petroquímico da empreiteira no Rio Grande do Sul, em 2006, o relacionamento político era fundamental e sempre focado no crescimento do grupo. “Dentro desse foco meu sempre estiveram os partidos, os políticos, os agentes públicos, sempre preservando uma sistemática de contribuições financeiras”, narrou. Segundo Alexandrino, dentro desse direcionamento tinha que observar, intuir e perceber potenciais candidatos que poderiam crescer e ter um lugar de destaque. “Dentro das minhas funções na Braskem, estamos falando de 2006, eu percebi que dentro do escopo político, uma linha política, o sr. Onyx Lorenzoni era uma pessoa importante, um jovem impulsivo, um lutador que nós precisávamos mantê-lo próximo. Especialmente por causa do volume de investimentos que tínhamos no Rio Grande do Sul".
O delator disse aos investigadores que foi ele quem procurou o parlamentar que, na época, concorria à reeleição para a cadeira na Câmara. “Procurei o candidato, à época ele era deputado federal pelo PFL. Eu o procurei dizendo do interesse nosso de nos aproximarmos e que seria importante fazer doações para a campanha dele. E assim foi feito". Segundo o ex-executivo da Odebrecht, ao ser procurado, em 2006, o deputado gaúcho não demonstrou nenhuma “rejeição” em receber os R$ 175 mil via caixa 2, isto é, sem declarar a doação à Justiça Eleitoral. A operação foi registrada no sistema de informática “Drousys”, que controlava as transações do “banco da propina” da Odebrecht.
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