quinta-feira, 14 de junho de 2018

Segurança impede homem de comprar comida para menino em shopping


Na última segunda-feira, 11, um homem tentou comprar comida para um menino em um restaurante da praça de alimentação do Shopping da Bahia, em Salvador, mas foi impedido por um segurança do local. O momento foi gravado e publicado nas redes sociais, e o shopping está sendo criticado por racismo – o menino era negro e supostamente morador de rua. "Eu tô querendo dar o almoço ao menino e o segurança tá falando que vai me tirar do shopping a força, vai tirar o menino. Eu vou pagar, ele vai comer. Eu queria ver se fosse seu filho que tivesse na rua passando fome, ele vai comer, vai comer sim. Quem tá pagando sou eu. Eu vou pagar, por que ele não vai comer? Você vai chamar quem você quiser e bora ver se eu vou sair daqui", disse Kaique Sofredine, homem que tentava comprar o lanche, no vídeo. 

"Esse é meu trabalho", justifica o segurança em outro momento do vídeo, enquanto fica na frente do restaurante impedindo a compra do alimento. Posteriormente, outros seguranças chegam ao local, e após muita discussão, o homem conseguiu realizar a compra. Kaique publicou o vídeo no Facebook e se mostrou revoltado com o ocorrido. "Fui pagar um almoço pra uma criança e o segurança disse que ele não iria comer. Foi uma longa discussão até chamar o supervisor dele e, por fim, o supervisor deixar o menino comer no shopping", escreveu ele no post. 

No dia seguinte ao ocorrido, o Ministério Público da Bahia instaurou inquérito para apurar a ação do segurança e a responsabilidade do shopping "em possível prática de racismo institucional". O Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (GEDHDIS) determinou um prazo de dez dias para que o estabelecimento preste esclarecimentos. "Depois de instruído (por meio da coleta de informações e depoimentos), o procedimento poderá resultar em uma recomendação, Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ou até uma ação civil pública contra o shopping, inclusive por eventuais danos morais individuais ou coletivos decorrentes da atuação do segurança", afirmou a promotora Lívia Vaz. Ela ainda explicou que a investigação na esfera civil não afasta a responsabilização criminal. 

Em nota, o Shopping da Bahia pediu desculpas pelo ocorrido e informou que o funcionário "foi afastado de atividades relacionadas a atendimento público" e que foi "advertido e segue para uma nova rodada de cursos e adaptações".

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